O objetivo é criar quotas para distribuir os refugiados pelos vários países. A TSF falou com Sandra Coelho, voluntária que chegou ontem da Grécia. António Costa vai visitar um campo em Atenas.
A Comissão Europeia quer criar uma agência que centralize os pedidos de asilo. Segundo o El Pais, a proposta vai ser apresentada esta quarta-feira com duas linhas essenciais. Uma é substituir o Gabinete Europeu de Apoio em matéria de Asilo numa autêntica agência federal, que centralize os pedidos de asilo. A outra passa por alterações à Convenção de Dublin, que diz que os refugiados devem pedir asilo no país de entrada na Europa e que revelou fracassos durante a atual crise dos refugiados.
Bruxelas quer agora distribuir os pedidos de asilo por quotas entre os vários Estados-membros. Outra hipótese, diz o diário espanhol, é manter as coisas tal como estão, mas prevendo um mecanismo de emergência para repartir os refugiados, em caso de chegadas massivas a algum país, como está neste momento a acontecer com a Grécia.
É precisamente a capital da grega que António Costa vai visitar na segunda-feira, a convite de Alexis Tsipras. O mote da viagem que vai durar um dia é a procura de soluções para o fenómeno dos refugiados. Além de reuniões de caráter institucional com o primeiro-ministro e com o Presidente da República gregos, António Costa terá no programa uma deslocação a um campo de refugiados instalado na zona de Atenas.
O primeiro-ministro vai ver de perto uma realidade que Sandra Coelho ficou a conhecer durante a semana em que esteve no porto do Piraeus, próximo de Atenas, ela voltou ontem a Portugal.
A voluntária da "Coragem Disponível, Associação de Apoio a Imigrantes e Refugiados" diz que o porto de Piraeus tem que ficar limpo até ao final do mês. Nos últimos dias, vários autocarros saíram dali em direção a outros campos de refugiados. "Começaram por recolher os sírios, depois começaram a levar todos e vão continuar a levá-los", conta ela.
Sandra Coelho chegou do porto de Piraeus no mesmo dia em que os refugiados começaram a ser encaminhados da Grécia para a Turquia: "Acho que muitos deles ainda não se apercebem da realidade que os espera. Ainda continuam com a esperança de conseguir ir para algum lado. No fundo, pensam que a ida para os campos será como porto seguro até poderem passar as fronteiras".
A esperança de passar pela Macedónia em direção à Europa central é enorme, diz a voluntária. No porto, as condições eram precárias, "2 mil ou 2 mil e 500 pessoas para meia dúzia de chuveiros".
Ainda assim, havia gratidão. "Mesmo naquelas condições desumanas, eles são tão agradecidos. Dão-se por contentes com o mínimo que possamos dar", sublinha.
Sandra diz que ficou impressionada com a reação dos refugiados a quem prestou auxílio. "Estamos ali de pé a trabalhar, a servir o jantar, e eles estão a comer e querem partilhar o jantar deles connosco. É uma coisa que achei fabulosa". Esteve na Grécia para ajudar na área infantil e na cozinha comunitária. Diz que foi recompensada com a gratidão de quem ajudou.