A TSF guia-o na viagem à fusão entre património e modernidade no novo espaço cultural de Coimbra: o Convento de São Francisco.
Abre esta sexta-feira, 8 de abril, um novo espaço cultural em Coimbra, que quer ombrear com o Centro Cultural de Belém, a Casa da Música ou Serralves. Uma forma de valorizar a cidade, a região e até o país, na ótica da autarquia, que é a responsável pela construção do espaço e pela sua futura gestão.
O Convento de São Francisco alia, em termos arquitetónicos o património histórico com a modernidade. Tem várias salas de exposições e congressos e uma auditório com mais de mil lugares, que possibilita a passagem pelo centro do país de espetáculos que até agora se limitavam a Lisboa e ao Porto.
Um terço do Convento de São Francisco é percorrido em 7800 passos. Está em obras desde 1602, porque primeiro foi convento, depois foi fábrica de lanifícios, onde tinha desde as ovelhas até à confeção das roupas, e agora está transformado em espaço cultural, depois de vários anos botado ao abandono.
Entramos pela porta lateral e percorremos as antigas celas do Convento. Serão agora espaços administrativos ou simplesmente o acesso ao parque de estacionamento. À direita, o salão de boas-vindas, que servirá também de espaço para exposições e, na lateral da Igreja, que ainda continua em obras, um enorme jardim. Terá um restaurante com esplanada, concessionado e servirá também para sessões de cinema ao ar livre ou festas animadas por DJ's.
As escadas levam-nos do jardim aos claustros do convento do século XVII e ficamos rodeados de salas de conferência, workshops ou exposições. Com módulos movíveis, adapta-se a capacidade da sala ao evento.
Depois de continuarmos a serpentear pela história do edifício, descendo de novo, é no rés-do-chão que encontramos a viagem no tempo e a fusão entre património e modernidade. À esquerda deixamos a história para entrar à direita no futuro. Um café, que poderá facilmente ser um café concerto, e o espaço que faz brilhar os olhos da vereadora da Cultura, Carina Gomes: o auditório com capacidade para 1125 pessoas sentadas.
É lá que nos diz que o estudo de viabilidade económica mostra que a programação cultural não pode ser regular, por isso Carina Gomes aponta, por isso, outros caminhos: "o objetivo "é posicionar o equipamento em quatro ou cinco áreas artísticas principais e complementar com congressos que precisamos enquanto fonte de receita", afirma.
Manuel Machado, presidente da autarquia, garante que este novo ponto de encontro cultural, na dimensão do CCB ou de Serralves, não irá despir os outros espaços de cultura de Coimbra, até porque alguns deles, como o Tetrão, o Teatro da Cerca de São Bernardo, ou a Casa da Cultura, são da autarquia e "isso não faria sentido algum". O Convento de São Francisco tem uma "dimensão diferente, que não choca com os espaços existentes".
De um investimento previsto de 25 milhões de euros, as obras derraparam para os 42 milhões.
Manuel Machado desvaloriza o assunto e defende que se trata de imprevistos que ocorreram ao longo das obras, como por exemplo, os pormenores arqueológicos inesperados.
O Convento de São Francisco terá, pelo menos, três espaços concessionados: um bar, um restaurante e uma livraria.
Com a Igreja ainda em obras, que será mais uma sala de espetáculos, o Convento de São Francisco abre ao público gradualmente.
Um equipamento destinado à cultura como "atividade humana, social e económica relevante", refere Manuel Machado. Haverá exposições de escultura ou pintura, teatro, ópera, ou qualquer arte contemporânea, na filosofia de uma utilização "pluridisciplinar".
O Convento de São Francisco abre com a peça de teatro "Os Bichos", de Miguel Torga a fazer as honras da casa, porque terá sido a última peça vista por Miguel Torga no próprio Convento e, segundo a vereadora, "terá gostado". Na segunda semana, o convento estará de portas abertas com vários espetáculos a decorrer em vários espaços do convento e com programação regular até ao final do trimestre.
Com este novo espaço cultural, Manuel Machado promete que "de novo Coimbra não fica a ver a cultura a passar", apostando assim na modernidade cultural e na inovação para afirmação da cidade, da região e do país".
É um espaço cultural onde até o piano tem um quarto.