Muitos dos doentes com patologias oncológicas que hoje são operados em vários hospitais do país vão em breve deixar de o poder fazer. No mapa dos centros de referência fica de fora o interior.
O problema afeta sobretudo os doentes oncológicos que deverão, preferencialmente, ser encaminhados para os centros de referência instalados em Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve. Tal resulta do despacho 3653/2016 do Ministro da Saúde, que criou esses centros sem ouvir a Ordem dos Médicos ou ter em conta o trabalho realizado pelos hospitais que até aqui operavam estes doentes.
Na prática os cancros do esófago, do reto e hepatobiliares serão preferencialmente operados nos centros de referência, deixando de fora hospitais periféricos que até desenvolviam essas cirurgias com melhores números e resultados do que algumas das unidades agora tidas como centros de referência.
Só na área do cancro do reto Lisboa tem oito centros, alguns privados, sendo que no interior do país não há nenhum. E isto apesar de o Hospital de Viseu realizar 40 cirurgias destas por ano, de acordo com o Registo Nacional de Cancro do Reto da Sociedade Portuguesa de Cirurgia.
O Centro Hospitalar do Algarve também foi incluído mas não tem idoneidade formativa em cirurgia geral e está a ser alvo de uma auditoria externa.
A situação mereceu já reparos da Ordem dos Médicos que critica a centralização das cirurgias e, num parecer do Colégio de Cirurgia Geral, pede a reavaliação destes centros de referência.
A resposta do Ministério da Saúde
Questionado pela TSF, o Ministério não usa a palavra reavaliação, mas assume que está em curso um processo muito complexo de reapreciação e garante que os doentes que estejam a ser acompanhados num hospital que não tenha obtido estatuto de ser centro de competência vão poder continuar a ser acompanhados nas atuais unidades.
Todos os outros serão enviados para as novas unidades, garantindo o Governo que estes centros de competência vão possibilitar aos hospitais assim classificados mais dinheiro através de incentivos.
Já no caso do Centro Hospitalar de Tondela-Viseu, o Ministério explica que a candidatura deste Centro não foi aceite porque não cumpriu o prazo de entrega exigido.