Centeno prevê que a economia não cresça mais em 2017 do que este ano. E aponta para défice de 1,4%. São 1.400 milhões de consolidação adicional. Mais o efeito das medidas já tomadas, 1.600 milhões.
O Governo prevê que a economia, em 2017, não cresça mais do que este ano. No Programa de Estabilidade que vai ser aprovado amanhã, o ministro das Finanças estima para já um crescimento do PIB de 1,8%, em 2016, muito abaixo dos 3,1% que previa há um ano, quando fez o cenário macroeconómico para o programa socialista.
A informação foi avançada pelo Diário Económico e Jornal de Negócios, tendo sido já confirmada pela TSF junto de várias fontes. A meta do défice para 2017 também vai baixar, de 2,6% para 1,4%, que significa um aperto orçamental de 1.400 milhões de euros. Para o Governo, isto significa que o próximo Orçamento vai ser muito difícil de desenhar. É que, no seu relatório sobre os anos que aí vêm, o organismo liderado por Teodora Cardoso fazia contas às medidas que estão a ser implementadas este ano e concluía que estas terão um impacto adicional de 1.600 milhões de euros no próximo ano - que teriam de ser compensados com outras medidas, mesmo que a economia ajude a minimizar o problema.
Se juntarmos os números do PEC aos já avançados pelo Conselho de Finanças, António Costa e Centeno podem precisar de cerca de três mil milhões de euros de consolidação - o que pode implicar negociações difíceis com o Bloco e PCP, limitando muito a margem de manobra para políticas de apoio ao crescimento ou de apoio social.
No Governo e nas reuniões com os partidos à esquerda, Centeno tem argumentado que o Programa de Estabilidade tem de ser conservador, para não esticar a corda com Bruxelas. As medidas de consolidação aplicadas já este ano, a redução do crescimento das economias mundiais e as regras do Tratado Orçamental não permitem ao Executivo apresentar uma estimativa mais dinâmica da economia, sob pena de Bruxelas pressionar com a exigência de outras medidas compensatórias.