Cultura

Cervantes: Em busca de D. Quixote pelas planícies de La Mancha

© Susana Vera/Reuters

2016 é ano de Cervantes. É o ano em que se assinalam os 400 anos da morte do pai de D. Quixote, um pretexto para seguir viagem às planícies de La Mancha, com a ajuda dos fotógrafos da Reuters.

Quando escreveu "Dom Quixote de La Mancha" Miguel de Cervantes não revelou o nome do local que viu nascer o intrépido cavaleiro de meia-idade, obcecado em corrigir os males do mundo e em trazer de volta o cavalheirismo perdido.

Muitos identificam Argamasilla de Alba, uma pequena vila com cerca de sete mil habitantes, como a terra-natal de Quixote. Está localizada na árida mas fértil região de La Mancha (Castela-Mancha), nas planícies do centro de Espanha.

400 anos após a morte de Cervantes, as vilas de La Mancha estão cheias de referências a Dom Quixote, ao seu fiel escudeiro Sancho Pança e à bela Dulcineia. Desde doces, a estátuas a produções de teatro e exposições, tudo ali se encontra.

Não faltam também os moinhos de vento, pintados de branco, a relembrar o mais famoso episódio das aventuras de Quixote, em que o cavaleiro luta contra as edificações julgando-as serem gigantes perigosos. Foi desta cena, aliás, que surgiram expressões como "lutar contra moinhos de vento" ou "quixotesca".

Miguel Cervantes, que faleceu a 22 de abril de 1616, é venerado em Espanha e apontado por alguns historiadores como um dos fundadores do romance moderno. Escreveu sobre o amor, a família, a religião, a educação...

"Dom Quixote" tornou-se sem dúvida o trabalho mais emblemático de Cervantes mas a sua própria vida também não fica atrás. Sobreviveu a uma batalha no mar, foi capturado por piratas, esteve preso cinco anos em Argel. Foi soldado, cobrador de impostos, escritor.

"O que dá tanto poder à literatura de Cervantes é que ele próprio viveu a vida de forma muito intensa", diz o fotógrafo José Manuel Navia ao site Business Insider, depois de ter visitado os locais por onde Cervantes terá passado para uma exposição em Madrid.

No prólogo de "Dom Quixote", Cervantes escreveu que o seu trabalho foi engendrado numa cadeia. Nos dias que correm, quem visitar Argamasilla de Alba encontrará a Casa de Medrano, com uma cave onde, segundo reza a lenda, Cervantes foi aprisionado. Terá ele escrito nessa cave parte da sua obra-prima? Os locais dizem que sim.