Sociedade

400 sem abrigo a viver em casas abandonadas no Porto

Mike Segar/ Reuters

A Associação Saber Compreender, que apoia sem-abrigo no Porto, identificou 200 casas abandonadas dentro das quais moram 400 pessoas. O BE defende a renovação automática do RSI.

A associação de apoio aos sem-abrigo, Saber Compreender, diz que havia há 2 anos, cerca de 400 pessoas a viver em casas abandonadas, na baixa do Porto, mas a situação agravou-se com a mudança das regras do Rendimento Social de Inserção.

Assim, as casas abandonadas no Porto começaram a ser ocupadas por pessoas sem-abrigo desde que foram revistas as regras do Rendimento Social de Inserção.

A associação Saber Compreender sublinha que há 2 anos começaram a aparecer mais sem abrigo porque as pessoas deixaram de ter dinheiro para pagar a pensão: "como o apoio foi cortado o utente deixou de pagar o quarto e o proprietário da pensão era obrigado a mandar para a rua o hóspede".

O Rendimento Social de Inserção chegava para a alimentação e para pagar o alojamento, que custava 78 euros.

Sem quarto para dormir, só existia uma alternativa para estes novos sem abrigo: "ir para uma casa abandonada".

O responsável não esconde a ironia da situação, é que os novos sem abrigo são pessoas referenciadas pela segurança social, mas cada um dos técnicos tem a seu cargo 20 a 30 pessoas, o que é um elevado número de utentes.

Deste modo, esta associação defende um aumento dos profissionais que acompanham os sem-abrigo.

O número foi divulgado esta noite durante uma iniciativa em que o Bloco de Esquerda participou como convidado. O BE insiste na renovação automática do RSI, uma medida que já consta do Orçamento do Estado mas ainda não está em prática.

A porta-voz dos bloquistas, Catarina Martins, que acompanhou a iniciativa da Saber Compreender, diz ainda ser "urgente" a criação de alojamento público temporário, denunciando que "muitas pessoas são obrigadas a residir em pensões muito degradadas ou muito caras".

Por iniciativa do BE, foi aprovado um projeto de resolução que pede que seja reativada a Estratégia Nacional para a Inclusão de Pessoas Sem-Abrigo, um programa "travado" pelo anterior Governo PSD/CDS-PP "quando deveria ter entrado em fase de avaliação", criticaram os dois deputados bloquistas.