Estudo de opinião de prestigiado instituto americano mostra apoio decrescente ao projeto europeu em países como França, Alemanha e Grécia. No Reino Unido, o referendo será renhido.
Um estudo publicado pelo Pew Research Center indica que independentemente de os britânicos votarem a favor ou contra a permanência na União Europeia, os europeus estão cada vez mais céticos relativamente às vantagens de ficar no bloco.
Segundo o estudo, publicado na terça-feira, o referendo do próximo dia 23 no Reino Unido vai ser renhido: 48% dos eleitores britânicos têm uma opinião desfavorável à Europa contra 44% a favor.
Mas a oposição à União Europeia (UE) também tem aumentado em países 'a priori' mais favoráveis, com uma queda de 17 pontos percentuais no apoio à UE em França, para 38%, por exemplo, num intervalo de um ano.
Entre os dez países analisados apenas os eleitores gregos estão mais irritados com Bruxelas do que os franceses.
A União Europeia é ainda mais apoiada entre os mais recentes membros, com 72% dos polacos e 61% dos húngaros a expressarem uma posição favorável, comparativamente a apenas 27% dos gregos.
Mesmo no seio dos mais ricos membros e fundadores do bloco, o apoio mal chega aos 50% e a tendência é descendente, com o apoio na Alemanha a cair oito pontos, até aos 50%, entre 2015 e 2016, refere o estudo citado pela agência AFP.
Em toda a Europa, os eleitores mais jovens e apoiantes de partidos de esquerda são geralmente mais favoráveis à adesão à UE do que os mais velho ou populistas de direita.
Contudo, os eleitores coincidem na preocupação sobre a forma como o bloco tem lidado com a crise dos refugiados, com largas maiorias, de todo o espectro, a manifestarem frustração.
Também há uma ampla -- mas menos universal -- desaprovação relativamente à gestão do impacto da crise da zona euro, particularmente no Mediterrâneo.
No sul endividado, 65% dos eleitores espanhóis, 66% dos franceses, 68% dos italianos e 92% dos gregos desaprovam a gestão económica da UE.
Sem surpresa, a sensação geral de mal-estar traduz-se num apoio menor ao objetivo do tratado da Europa de 1957 para uma "união mais estreita do que nunca" entre os estados-membros.
Em seis dos dez países analisados mais eleitores gostariam de ver os poderes 'devolvidos' às suas capitais do que uma maior centralização em Bruxelas.
Um dado mais revelador para o referendo que se avizinha indica que 65% dos eleitores gostariam de ver Londres recuperar alguma da sua influência, comparativamente a apenas 6% a favor de uma união mais estreita.
Apesar da crescente onda de ceticismo, a maioria dois eleitores europeus não gostaria de ver o Reino Unido abandonar o bloco.
Maiorias nos outros nove países analisados -- incluindo 89% dos suecos -- opõem-se ao "Brexit".
A sondagem realizada pelo Pew Research Center foi realizada pessoalmente e via telefone e contou com uma amostra de aproximadamente mil eleitores por país.
As dez nações analisadas foram: Reino Unido, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Holanda, Polónia, Espanha e Suécia.