Cultura

"O Monstro de Bruxelas" em Coimbra

Carlos Gomes

As diferenças e as disparidades da União Europeia vão ser colocadas a nu, por dez alunos finalistas do curso de Teatro e Educação, da Escola Superior de Educação.

O texto original é do francês David Lescot e conta as peripécias entre um grupo de artistas de diferentes países, que pretendem apresentar criações para uma nova Capital Europeia da Cultura.

Uma peça onde a comédia, através do grotesco, deixa em aberto aquilo que é, ou tem sido, a "construção da Europa", onde pode não haver espaço para todos e onde existe, claramente, um comandante.

O "Monstro de Bruxelas" espelha uma união, que é europeia, mas onde se sentem sobretudo as diferenças de um puzzle a 28, a caminho de ser a 27, onde há uma peça, Portugal, que se tenta encaixar.

Ricardo Correia é o encenador da peça que foi escrita, em 2007. Uma peça com oito anos, que continua atual: "O espetáculo coloca uma série de criadores, convidados pela UE, sob o signo do ano do diálogo, em que cada um tem um projeto novo", explica.

Os alunos da licenciatura em Teatro e Educação, da ESEC, vão dar vida a uma "luta" europeia, colocando em cena "um referendo, um novo hino europeu, uma série de projetos, em que cada criador está a lutar para colocar a sua ideia à frente dos outros, uma espécie de luta livre para vencerem sobre os outros".

Estatutos diferentes, que correspondem a países e a poderes distintos. Negociações, lutas, trocas de argumentos, que são sempre comandados por uma voz mais forte. "Temos um italiano, um espanhol, um francês, um belga e uma alemã que vai ditando quase o ritmo da peça, o ritmo de cada cena, com os seus Ja (sim) e Nein (não)".

O "Monstro de Bruxelas" é um olhar para a União Europeia, para a Europa e para a democracia. O objetivo é que, no final, cada espetador saia com várias interrogações.

O trabalho de construção das personagens foi elaborado através da análise ao texto original, mas também por uma regressão à infância de cada um dos atores, simulando relações de poder e birras entre crianças, extrapolando depois estas ideias para os países da União Europeia.

São duas horas em cena, onde se vai tentar o diálogo, que nem sempre será conseguido.

A peça estreia esta quinta-feira, dia 30 de junho, e vai estar em exibição até dia 9 de Julho na OMT - Oficina Municipal do Teatro, em Coimbra.