Os cientistas chamam à aversão constante a determinada situação da nossa vida "memória do medo".
Investigadores portugueses e americanos chegaram à conclusão que o consumo regular de cafeína diminui o medo e as fobias a ele associadas.
O estudo, agora publicado numa revista científica, envolveu cientistas do Centro de Neurociências e Biologia Molecular da Universidade de Coimbra e do MIT, o Massachussets Institute of Technology.
Ter uma aversão recorrente a determinadas situações da nossa vida, é aquilo a que os cientistas chamam a memória do medo.
Mas se ela é útil nalguns casos, como diz o investigador Rodrigo Cunha, é também prejudicial noutros. "Se sou atropelado uma vez e a partir daí fico em pânico cada vez que vejo um carro, isso é uma situação que causa perturbação à minha vida". Pode causar stress pós traumático, fobias e depressões.
Por isso, este grupo de investigadores portugueses e americanos quiseram provar que o consumo regular de cafeína pode diminuir essas memórias do medo.
Expuseram dois grupos de ratinhos a situações negativas, e um tomou cafeína." Esses mantêm uma memória de medo mas normalizam-na, ou seja, não a expandem para situações anormais", diz o investigador. Desta forma o medo é controlado e não se torna patológico.
O investigador Rodrigo Cunha, que coordena este estudo em Portugal, revela que a cafeína bloqueia os recetores no sistema nervoso central, os A2A responsáveis por esta anomalia.
O Estudo foi financiado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, onde muitos veteranos de guerra vivem situações de stress pós traumático.
Se na Europa, com os casos de terrorismo, a população já começa a sentir receio de estar nalguns locais, numa sociedade como a americana, onde se vendem armas livremente, 8% da população vive com medo.
No futuro, os investigadores querem chegar até à produção de um fármaco que atue sobre o cérebro de modo a controlar as situações que provocam doenças psiquiátricas associadas ao medo.