O geógrafo Raimundo Quintal, conhecido por ter alertado para os aluviões que há poucos anos atingiram o Funchal, diz que mais que meios aéreos a Madeira precisa de ordenamento do território.
O investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e antigo vereador do Ambiente do Funchal diz que a Madeira precisa, urgentemente, de ordenar o território e apostar na limpeza de terrenos para travar as consequências dos incêndios.
Em entrevista à TSF, Raimundo Quintal diz que não basta pensar em meios aéreos e pedir dinheiro ao Continente ou à União Europeia para investir naquilo que classifica como "aspirinas".
O geógrafo diz que o principal problema da Madeira e em especial do Funchal está nas quotas entre os 400 e 600 metros onde convivem casas construídas de forma desordenada e muita mata degradada ou abandonada.
Há terrenos e árvores que ninguém limpa, com milhares de pinheiros mortos há vários anos depois de uma epidemia, além de eucaliptos e acácias, espécies onde o fogo anda rápido.
Raimundo Quintal diz que depois dos "gritos e do choro é preciso não fazer demagogia e que as autoridades e a população da Madeira tenham consciência destes problemas".
Além dos terrenos abandonados, Raimundo Quintal sublinha que muitas das pessoas que hoje se queixam não limpam os seus terrenos e os partidos políticos "de um modo geral, como as árvores não votam, têm acompanhado este movimento do 'deixa andar'".
Se nada mudar, o geógrafo Raimundo Quintal não tem dúvidas: sobretudo com as alterações climáticas, que já se sentem nesta sucessão de casos de aluviões-incêndios, a Madeira vai sofrer ainda mais, no futuro, com os fogos.