Rio 2016

O adeus dourado de Michael Phelps e outras prestações incríveis

Marcos Brindicci/Reuters

É o fim da linha para o maior atleta olímpico de sempre, numa madrugada em que Mo Farah caiu mas revalidou o ouro nos 10.000 metros e a Jamaica desencantou uma nova estrela nos 100 metros femininos.

Michael Phelps despediu-se das piscinas depois de ter elevado o seu currículo para patamares 'inalcançáveis', terminando a sua presença nos Jogos Rio2016 com um total de 23 medalhas de ouro olímpicas

Os 4x100 metros estilos, em que ajudou os Estados Unidos a conquistarem o título, foram a última prova que disputou e que lhe valeu uma subida ao pódio pela 28.ª vez em cinco edições de Jogos Olímpicos.

Aos 31 anos, o 'tubarão de Baltimore' anunciou o fim da carreira para depois dos Jogos Olímpicos do Brasil, que conclui com mais quatro medalhas do que o total da história olímpica de Portugal, 24. No Rio2016, Phelps conquistou cinco medalhas de ouro e uma de prata.

As incomparáveis conquistas de Phelps ganham outra dimensão se tivermos em conta que, no atual ciclo olímpico, assumiu ter estado perto do suicídio, além de ter pernoitado na cadeia, por conduzir alcoolizado.

Após Londres2012, assumiu que o desporto já não lhe dava prazer, estava mergulhado na pura rotina e apenas motivado pelo medo de deixar o desporto que deu sentido à sua vida, já que não encontrava rumo no seu mundo fora das piscinas.

Mergulhou na depressão, enveredou por uma espiral autodestrutiva que culminou com a sua detenção em setembro de 2014, por conduzir sob efeito do álcool.

Submeteu-se a reabilitação no deserto do Arizona, fez as pazes com o pai, encontrou motivação para voltar a competir nos seus quintos Jogos, casou com Nicole Johnson e, entretanto, há três meses, tornou-se pai do pequeno Boomer.

O reencontro consigo próprio bem com o prazer da competição levaram o planeta desportivo a saborear novamente o valor de um dos mais completos desportistas da história, que se despede do olimpismo com mais cinco ouros e uma prata.

Farah conserva título dos 10.000 metros, mesmo com queda

O britânico Mo Farah revalidou no Rio de Janeiro o título olímpico dos 10.000 metros, ganhando ao 'sprint' na reta da meta ao queniano Paul Tanui, que liderou até aos últimos 100 metros.

Farah, também bicampeão mundial da distância, caiu durante a prova mas sem se magoar, recuperando depois posições até à vitória final, em 27.05,17 minutos, ligeiramente à frente de Tanui (27.05,64), o adversário que mais fez por o destronar.

"Quando caí, pensei: 'Oh meu Deus, já está'. Levantei-me e só queria seguir com os outros e manter-me forte", contou o britânico, de 33 anos, que foi ao chão na décima das 25 voltas, depois de se 'enrolar' com o colega de treino Galen Rupp, dos Estados Unidos.

Recomposto, Farah voltou a ver a revalidação do título ameaçada quando Tanui o ultrapassou à entrada da última volta, mas bastou-lhe mais uma aceleração para retomar a dianteira nas derradeiras centenas de metros a caminho do ouro.

"Não é fácil, mas toda a gente sabe do que sou capaz. Pensei em todo o meu trabalho árduo e que tudo podia ir-se num minuto. Eu não podia deixar", afirmou.

Tamirat Tola, da Etiópia, assegurou a medalha de bronze, com 27.06,26, à frente do seu compatriota Ygrem Demelash (27.06.27), que chegou ao Rio2016 como líder do 'ranking' do ano.

Para Farah, esta é já a terceira medalha de ouro olímpica, depois da 'dobradinha' de 5.000 e 10.000 metros há quatro anos.

O britânico de origem somali é o sexto atleta a conseguir sagrar-se por duas vezes campeão da dupla légua, depois dos finlandeses Paavo Nurmi e Lasse Viren, do checoslovaco Emil Zatopek e dos etíopes Haile Gebresselasie e Kenenisa Bekele.

Elaine Thompson foi a mais rápida na final dos 100 metros

Elaine Thompson, da Jamaica, é a nova campeã olímpica dos 100 metros, após ganhar a final da 'prova rainha' do atletismo no Rio2016, com a marca de 10,71 segundos.

Thompson, a mais rápida do ano na distância, distanciou-se com clareza da norte-americana Tori Bowie (10,83) e da sua compatriota Shelly Anne Fraser-Price (10,86), campeã há quatro e oito anos, que ficaram com as medalhas de prata e bronze em disputa.

Pela primeira vez na história do atletismo, sete mulheres correram abaixo dos 11 segundos.

A exemplo do que já acontecera com a etíope Tirunesh Dibaba (10.000 metros) e a neozelandesa Valerie Adams (peso), Fraser-Pryce também não conseguiu terceiro ouro consecutivo, pelo que nenhuma mulher fará o 'tri' no atletismo do Rio2016.

Monica Puig vence torneio de ténis e conquista primeiro ouro para Porto Rico

Mónica Puig conquistou a primeira medalha de ouro olímpica de Porto Rico, ao vencer o torneio de ténis feminino do Rio2016, batendo na final a alemã Angelique Kerber, por 6-4, 4-6 e 6-1.

Antes da vitória de Puig, a primeira de uma mulher da ilha caribenha, Porto Rico somava apenas oito medalhas em Jogos Olímpicos, duas de prata e seis de bronze.

Puig, de 22 anos e 34.ª do 'ranking' mundial, impôs-se a Kerber, segunda da hierarquia, em duas horas e nove minutos, enquanto a checa Petra Kvitova terminou no lugar mais baixo do pódio, ao bater na disputa pela medalha de bronze a norte-americana Madison Keys, por 7-5, 2-6 e 6-2, em duas horas e 12 minutos.