Tomás Leal deixou a margem Sul do Tejo há dois anos para vir à descoberta do país onde nasceu. A praia de Ipanema é casa e local de trabalho deste português.
Filho de emigrantes, Tomás nasceu no Rio há 25 anos, mas regressou a Portugal ainda bebé. Sem grandes perspetivas, quis mudar de ares e voltou a cruzar o Atlântico.
A paixão pelo Rio de Janeiro foi quase instantânea. Na primeira semana na cidade conheceu a mulher que agora é a sua esposa e mudou-se para o morro do Vidigal. E foi na favela que fez os amigos.
No paraíso a vida não é fácil, garante, é preciso amar o mar e ter os pés na areia.
A um quarteirão do bar onde Vinicius viu passar a garota que virou música, na praia, fica o posto de trabalho de Tomás. Na "barraca do Jota" alugam-se cadeiras e pedem-se caipirinhas e outras bebidas para beber à beira-mar.
Sobre os Jogos o português encolhe os ombros. Tem visto algumas coisas à noite... mas só pela televisão. A vida de sol a sol em Ipanema é demasiado agitada, explica.
Olhos de garoto, pele de adulto rachada pelo sol. Para Tomás o melhor do Rio é poder olhar em volta sem sair do mesmo sítio e ver montanhas, ilhas, o cristo redentor de braços abertos. O pior é a insegurança. Não na favela mas ali mesmo nas ruas de Ipanema onde já assistiu a muitos roubos.
Contudo Tomás não tem dúvidas, se for para viver com medo mais vale não viver no Rio. A cidade maravilhosa vale muito mais que isso.