Rio 2016

Atletas do Quénia: depois da aldeia olímpica... a favela

Kai Pfaffenbach/Reuters

O Comité Olímpico do Quénia terá instalado os atletas numa cabana. O governo queniano ameaça intervir, mas isso pode custar uma suspensão olímpica ao país.

São heróis olímpicos mas queixam-se de terem sido tratados como tudo menos isso.

A equipa olímpica do Quénia diz ter ficado a viver numa cabana sem condições, numa favela do Rio de Janeiro, depois do encerramento da Aldeia Olímpica, enquanto espera pelos voos low-cost arranjados pelo Comité.

Os atletas queixam-se de ouvir tiros durante toda a noite e da resposta do Comité Olímpico do Quénia ter sido para simplesmente não saírem à rua.

O maratonista Wesley Korir está a denunciar ativamente a situação no Twitter.

Alguns membros da equipa queniana conseguiram ir para casa, suportando eles próprios as despesas de voo, e estão a recusar-se a participar nos eventos de boas-vindas, como forma de protesto.

Entretanto, os cidadãos quenianos estão a mostrar indignação nas redes sociais e a questionar o que foi feito do dinheiro investido na missão olímpica, uma vez que não foi gasto na acomodação dos atletas.

O que acontece se o governo punir o Comité?

O governo do Quénia já criticou a forma de atuação do Comité e anunciou que vai abrir uma investigação, segundo a BBC.

O Secretário do Desporto, Hassan Wario, manifestou a intenção de dissolver o Comité Olímpico do Quénia e de transferir as funções do mesmo para a organização estatal Sports Kenya.

A resposta do Comité chegou pela voz do secretário-geral Francis Paul, que diz que o governo não tem poderes para fazer o que anuncia. O Comité Olímpico do Quénia alega que é um órgão autónomo no qual o Estado não pode interferir.

Uma intervenção do governo queniano junto do Comité Olímpico do Quénia poderia resultar na suspensão do país pelo Comité Olímpico Internacional, à semelhança do que já aconteceu com o Kuwait, que foi suspenso em 2015.

As acusações contra o Comité Olímpico do Quénia começaram logo durante os jogos, particularmente quando o maratonista Eliud Kipchoge, vencedor da medalha de ouro, foi deixado sem água para beber durante a prova.

O Quénia foi o melhor país africano e o segundo melhor do mundo, em atletismo, nos Jogos do Rio 2016. O país conquistou, ao todo, 13 medalhas: seis de ouro, seis de prata e uma de bronze.

TSF