O primeiro clássico da temporada terminou com a vitória do Sporting por 2-1 e a consequente liderança isolada da liga. Jorge Jesus até foi expulso, mas nada foi tão marcante como as lágrimas de "Sli".
Se só conseguiu ver a primeira parte, considere-se uma pessoa com sorte. Caso tenha chegado atrasado à televisão, temos pena de si.
O FC Porto entrou no jogo com a vitória em mente e não descansou enquanto não marcou. Não foi preciso esperar muito. Com apenas nove minutos jogados, Layún tem um livre à direita do ataque que Felipe desvia subtilmente para dentro da baliza de Rui Patrício. Estava feito o 1-0 para o FC Porto, com o novo central a mostrar veia goleadora, depois do golo contra a Roma. O cruzamento de Layún mereceu elogios de Jorge Jesus.
O Sporting, nas palavras de Jorge Jesus, acusou algumas dificuldades no posicionamento dos seus jogadores. Sem stresses. Os leões mexeram nas peças, Ruiz e Bruno César trocaram de posições e, passados cinco minutos, estava feito o empate, por Slimani. Tudo começou no argelino, que cavou um livre à entrada da área. Bruno César acertou em cheio no poste e Gelson Martins foi oportuno na recarga. Com a bola em cima da linha, já que Casillas ainda defendeu, Slimani limitou-se a encostar a bola.
Não foi um golo simples de engolir para os dragões, que correram para o árbitro a pedir mão de Gelson Martins. Nada a fazer, estava feito o empate em Alvalade (1-1). Mais tarde, Nuno Espírito Santo, mesmo dizendo não querer falar dos arbitragem, considerou que Tiago Martins esteve muito mal. "Foi por demais evidente. O árbitro teve influência direta".
A cambalhota só ficou completa aos 26 minutos (2-1), com um tiro de fora da área de Gelson Martins, depois de um mau corte de Felipe. Neste lance, Casillas saiu novamente disparado em direção ao árbitro, queixando novamente de mão na bola, desta vez de Bryan Ruiz. "Saímos claramente prejudicados. Os dois golos do Sporting tiveram duas mãos claras. Estas ações mudaram claramente o jogo. O árbitro não esteve à altura do clássico", disse o guarda-redes no final do jogo.
Para Jorge Jesus esta reviravolta foi fácil de explicar. "Com o desenrolar do jogo, a mudança tática que eu tive em relação ao jogo foi decisiva para a melhoria da equipa". Assim, sem espinhas. O resultado não sofreria mais alterações e a qualidade do jogo caiu muito na segunda parte. Destaque apenas para a expulsão de Jorge Jesus, aos 63 minutos. Sobre isso, Raúl José e Jesus estavam em sintonia: "os treinadores fazem parte do espetáculo".
"Eu com o árbitro não tive diálogo nenhum. Eles agora nem deixam que isso exista. Hoje os treinadores não podem abrir o bico, não podem dizer nada. O treinador faz parte do espetáculo. Disse, não para o árbitro, que a falta era ao contrário, e fui expulso. Isto tem de acabar", explicou Jesus.
Terminado o assunto jogo jogado, os 90 minutos de futebol, as atenções partiram para a despedida de Slimani, que saiu de campo lavado em lágrimas. Jesus começou por dizer que "foi uma semana muito difícil de gerir". Questionado sobre o possível adeus de Slimani, Jesus disse não ter certezas. "Não tenho a certeza absoluta. Foi uma semana muito complicada, isto para mim não é nada de anormal quando chega a este mês. Esta semana só não convidaram o treinador do Sporting. Acho que até o roupeiro foi convidado. Foi uma corrida diabólica aos jogadores do Sporting. Muitos jogadores no jogo de hoje com dificuldades emocionais, foi uma pressão muito grandes mas, felizmente, isso é sinal da qualidade dos jogadores do Sporting e por isso é que estão a ser assediados".
Assédios à parte, Jorge Jesus deixou bem claro que há regras nestes negócios. "Mas há regras. O Sporting neste momento só ficou sem o João Mário. Não apareceu nenhum clube a bater cláusulas. O Sporting tem um projeto e um objetivo e não pode chegar aqui quem quer e levar os jogadores do Sporting".
E Bas Dost é o substituto de Slimani? Jesus confirmou rapidamente se a contratação já tinha sido oficializada e prosseguiu: "o Bas Dost tem características parecidas com o Slimani, não como o Sli, o Sli só há um, é ele e mais nenhum. Por isso é que o dão não sei se é 30 ou 40 milhões por ele. Este estava lá e ninguém foi dar 30 nem 40. Mesmo com estes problemas a baralharem-no todo ele foi sempre exemplar e ele sabe que só sai se o Sporting quiser. Faça o que quiser, não tem hipóteses".
Feito o elogio ao argelino, Jesus foi questionado sobre a pausa no campeonato e na ajuda que vai dar para que o treinador leonino possa fazer ajustes no plantel. "No próximo jogo já vão com a cabeça limpinha, mas podem ir chateados. É uma satisfação minha estar aqui há 10 meses e se o presidente do Sporting quisesse fazer 100 e tal milhões já, era já, direto. É trabalho, qualidade dos jogadores. O Sporting nunca fez tanto dinheiro e se o presidente quiser, o Sporting faz uma pipa dele".
E já agora, sobre os dois golos do Sporting, em que o FC Porto se queixa de irregularidades: "já tive a oportunidade de analisar os dois lances e na minha opinião são bem interpretados pelo árbitro. Não há nada para branquear. Na minha opinião, tomou as decisões certas".