O Centro Bio (Bio-industrias, biorefinarias e biocombustíveis), de Oliveira do Hospital, é finalista na categoria "Desenvolvimento Sustentável", no Regiostars Awards 2016, atribuídos pela UE.
Os cinco finalistas apresentam argumentos na Semana Europeia das Regiões e Cidades, que decorre em Bruxelas, até quarta-feira.
O projeto português aposta na tecnologia das biorefinarias e apresenta-se como uma solução para os incêndios florestais, uma vez que o mato e a floresta podem passar a ser aproveitados como biocombustíveis. O "petróleo verde", conseguido através dos matos e resíduos florestais, pode ser uma solução para vários problemas nacionais e europeus. A BLC3 saiu de Oliveira do Hospital, para mostrar na União Europeia qual o caminho.
"Para a questão dos incêndios florestais, porque é possível tirarmos o que está para arder e converter em biocombustíveis e bioprodutos; dinamizar a atividade económica no setor primário, um dos principais problemas de Portugal e da Europa; e, numa terceira dimensão, isto é considerado como uma ferramenta de desenvolvimento local", porque ajuda a fixar os jovens qualificados no interior do país, garante João Nunes, da Associação BLC3.
Ser finalista do Regiostars pode ajudar a propagar a ideia do biopetróleo. "Dentro do nosso mundo é o petróleo verde. Quando falamos em bioprodutos estamos a falar de produtos de alto valor acrescentado, como os químicos verdes e os bioplásticos", adianta. Para produzir biopetróleo é preciso criar biorefinarias, "que podem ser de mega ou de pequena dimensão. Queremos apostar nas de pequena dimensão, para desenvolver vários territórios de forma descentralizada".
Quer os biocombustíveis, quer os bioprodutos, com base em mato e resíduos florestais já foram testados pela BLC3. "Não é nada utópico. Na segunda Guerra Mundial, quando fecharam as fronteiras da Alemanha, Hitler conseguiu meter a frota militar com biocombustíveis a partir de resíduos florestais".
Este biocombustível português, de segunda geração, pode substituir os derivados do petróleo e ser introduzido diretamente no automóvel. Para já, é preciso otimizar economicamente o processo. O próximo passo é o caminho industrial, para que o conceito do petróleo verde possa ganhar escala.
O júri selecionou 23 finalistas de um total de 104 projetos e dividiu-os em cinco categorias. Na categoria de "Desenvolvimento Sustentável" existem cinco finalistas e o Petróleo verde português (o projeto chama-se Centro Bio) é um deles. O vencedor é anunciado esta terça-feira ao final do dia.
Suspensão de fundos? Comissária Regional só executa ordens
Enquanto conhecia o projeto português, finalista do Regiostars 2016, e por isso, um bom utilizador dos fundos comunitários, a comissária europeia para a política regional, Corina Cretu, foi confrontada com o impacto que o possível corte nos fundos comunitários pode ter para projetos portugueses como este.
A comissária reforça que se trata de um processo automático, que nada pode fazer, e que a boa aplicação dos fundos comunitários por parte de Portugal de nada servirá contra as possíveis penalizações que o país pode vir a sofrer.
"Para mim, a informação vem automaticamente. Não há nada a fazer, independente do caminho que Portugal está a fazer com os fundos europeus. A partir do momento que somos notificados pelo conselho de que um país não está a cumprir por défice excessivo, temos de escolher entre uma penalização ou a possibilidade de suspender parte dos fundos"
Corina Cretu ressalva que, como disse ao primeiro-ministro português, António Costa, não se trata de uma sanção, mas sim de uma suspensão, e que está convencida de que Portugal não será alvo de suspensão de fundos. "Os pagamentos estão a ser feitos a Portugal. Estou convencida, como falei com o primeiro-ministro Costa, que, no dia 29 de outubro, não colocaremos a suspensão em marcha".
Corina Cretu puxou de uma caneta e de um papel e fez um esquema aos jornalistas para explicar que, mesmo em caso de suspensão de parte dos fundos de 2017, o reflexo desse corte só acontecerá em 2020.