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Curdos vivem há um ano sob recolher obrigatório

Amnistia Internacional/Guy Martin/Panos

Um relatório da Amnistia Internacional denuncia "brutal repressão" e perseguições à população de Sur, no coração do Curdistão turco.

Há um ano declarado património da humanidade pela UNESCO, pela sua fortaleza e pelos jardins, o distrito turco de Sur está também há um ano transformado num inferno na terra.

O fim do cessar-fogo com os separatistas curdos, em julho de 2015, abriu a porta ao caos. "Estima-se que meio milhão de pessoas tenham sido forçadas a abandonar as suas casas em todo o país, ao longo do último ano, com o intensificar da repressão do Governo turco sobre a população curda", refere a Amnistia acrescentando que dezenas de milhares não conseguiram sair a tempo.

Os guerrilheiros construíram trincheiras e barricadas. As forças turcas atacam para limpar a zona. Pelo meio há muitos civis.

O retrato dado por este relatório da Amnistia Internacional é de uma população encurralada que há um ano arrisca a vida ao sair de casa para comprar comida ou medicamentos.

O recolher obrigatório é ininterrupto. Há famílias que estiveram sem água para beber durante uma semana, outras que chegam a estar um mês seguido às escuras sem eletricidade.

Quem fugiu, mas tentou entretanto regressar, encontra muitas vezes a sua casa destruída ou pilhada. Nalguns casos a polícia turca oferece a cada família cerca de 800 euros como compensação. O que é quase nada para recomeçar a vida do zero.

Apoio de organizações não-governamentais também não há. A Amnistia Internacional conta que foram todas encerradas nesta zona, depois da alegada tentativa de golpe contra o regime turco, no verão passado.

"Uma brutal repressão (...) que pode constituir punição coletiva, proibida na legislação internacional", conclui a Amnistia.

Sur fica no sudeste da Turquia, é um distrito da cidade de Diyarbakir, a capital não oficial do Curdistão.