O antigo presidente do Tribunal de Contas considera que houve leituras erradas do relatório hoje publicado, que "não é sobre gestão bancária nem supervisão".
O relatório publicado nesta terça feira que denuncia falta de transparência no controlo da Caixa Geral de Depósitos entre 2013 e 2015, no governo de Passos Coelho, foi mal interpretado, alerta o antigo presidente da instituição que esteve no parlamento no papel de ex ministro das finanças (Guilherme de Oliveira Martins ocupou o cargo durante menos de um ano, entre os verões de 2001 e 2002).
O antigo governante recusou comentar o conteúdo do documento, mas afirmou que a análise hoje publicada "não é sobre matéria bancária nem sobre supervisão bancária".
O relatório, sublinhou, "é apenas sobre capitais do Setor Empresarial do Estado e à transparência nessa matéria".
A contratação de uma consultora por António Domingues quando ainda estava no BPI
Oliveira Martins também prefere não comentar o facto de António Domingues ter contratado, ainda enquanto administrador do BPI, uma consultora para analisar a situação financeira da Caixa Geral de Depósitos.
O ex ministro - que é, desde agosto, presidente do Conselho Fiscal do banco público - recordou que foi chamado enquanto antigo responsável pela pasta das finanças, com responsabilidades entre julho de 2001 e agosto de 2002, e e em resposta ao deputado do PSD Hugo Soares, pediu "bom senso" e questionou "acha que posso dar uma opinião [sobre esse tema] condicionado o órgão colegial a que presido?" para logo de seguida dar a resposta: "Não posso. O Conselho Fiscal vai ser chamado a analisar aspetos de gestão, e amanhã os meus colegas diriam 'mas no parlamento já disse isto e aquilo' ", explicou.
"Não posso condicioná-los. Não posso nem devo", concluiu.
Guilherme de Oliveira Martins afirmou também que entre 1998 e 2998, a CGD distribuiu ao Estado dividendos no valor de 2700 milhões de euros. Trata-se, coincidentemente, de um dos números iniciais apontados para a recapitalização da Caixa pensada pelo Governo de António Costa.