Estudo admite que há doentes com medo de reclamar pois receiam represálias e pede mais humanização na relação entre médicos e doentes.
"Todos os doentes com cancro devem receber a mesma qualidade de tratamento independentemente do hospital onde são seguidos". Esta é uma das principais recomendações de um estudo feito pela Escola Nacional de Saúde Pública junto de especialistas e associações de doentes que concluiu que há desigualdades no acesso aos tratamentos, mas também falta de comunicação com os médicos que com frequência não sabem falar com os doentes.
O estudo feito pela escola da Universidade Nova vai ser apresentado esta terça-feira, na presença do Ministro da Saúde.
Outra das recomendações é que os médicos sejam formados em técnicas de comunicação para que consigam explicar-se com clareza aos doentes usando linguagem simples, sendo que se concluiu que as opiniões dos pacientes são poucas vezes tidas em conta e estes têm medo de fazer reclamações, receando represálias.
Uma das entidades ouvidas neste estudo foi a Liga Portuguesa Contra o Cancro. À TSF, o presidente, Vítor Veloso, garante que são muito grandes as diferenças nos tratamentos disponibilizados por hospitais dentro do próprio serviço público de saúde.
O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro diz que o Ministério da Saúde tem de verificar se todos os hospitais fazem aquilo para que estão habilitados no tratamento de doentes com cancro e admite que os pacientes têm medo de fazer queixas.
Outra das organizações ouvidas neste estudo foi a Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo cujo presidente, Vítor Neves, também defende que o Serviço Nacional de Saúde não dá o mesmo tratamento a todos os doentes. Tal como a Liga, também esta associação diz que há um grave problema de comunicação entre doentes e médicos.
Rute Simões Ribeiro, investigadora da Escola Nacional de Saúde Pública e uma das responsáveis do estudo hoje divulgado, sublinha que o trabalho defende, também, que é urgente criar um sistema de informação oncológica nacional com indicadores comparáveis para perceber os tratamentos disponíveis em cada hospital.
Em paralelo, é preciso que todos os doentes possam escolher o hospital onde querem ser tratados.
O estudo defende ainda que todos os doentes com cancro devem ser avaliados por equipas multidisciplinares, garantindo o acesso à inovação terapêutica de forma ágil e rápida.