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Como dois bons bailarinos

Conteúdo Patrocinado. Harmonizar cozinha de autor com cerveja não é nenhum pecado. Pecado é não fazê-lo com a cerveja certa.

Olhamos o copo em contraluz, para atestar a limpidez e a intensidade da cor, inspiramos profundamente para avaliar a franqueza e o equilíbrio, as notas florais. No final, levamos algum do líquido até à zona frontal do nosso palato e quando estamos prestes a avaliar o corpo e a persistência, não podemos deixar de nos espantar por estarmos a provar cerveja. Sim, leu bem: estes termos todos, cheios de técnica e elegância, são tão aplicáveis a cervejas como ao objeto de desejo do deus Baco. Mas não a qualquer cerveja.

Os últimos anos foram fruto de um feliz renascer da cerveja, resultado natural de um público que procurava novas experiências, mais sofisticadas, que elevassem não só a cerveja enquanto uma bebida que vale por si só, mas que também levasse mais além as experiências gastronómicas, de uma forma harmoniosa.

E harmonizar é mesmo a palavra certa, como nos diz Marta Fraga, para quem a cerveja é muito mais do que a bebida que acompanha os tremoços ou os amendoins. É dela a expressão que está no título, que diz respeito à "dança" que deve ser levada a cabo entre boa comida e boa bebida, num equilíbrio perfeito em que um evidencia as propriedades do outro, sem atropelos, com a dose certa de emoção, controlo e até provocação.

Marta é sommelière na empresa Unicer e é responsável por encontrar as melhores harmonizações entre obras de arte culinária e as cervejas da Selecção 1927, a gama de cervejas especiais da Super Bock. Foi numa dessas harmonizações, realizada no Bairro do Avillez, em Lisboa, que nos apercebemos da profundidade que uma cerveja pode adquirir.

Quatro pratos para quatro cervejas e nem a sobremesa ficou de fora. A Selecção 1927 apresenta-se nas variedades Czech Golden Lager, Bengal Amber IPA, Munich Dunkel e Bavaria Weiss. Todas elas diferentes entre si, consoante o método de produção, a levedura escolhida e as características da própria água utilizada no processo de produção. A cevada, trigo ou o centeio são amigos de uma boa cerveja, mas também lúpulos com nomes curiosos como "nugget" ou "equinox".

Mas de que forma é que estas cervejas são diferentes da "imperial" ou "fino" de sempre e como é que alguém tem a ousadia de dizer que elas podem rivalizar com um bom vinho quando chega a hora de encontrar a companhia perfeita para pratos delicados, com a assinatura de um dos mais influentes chefs da atualidade em Portugal? Bem, elas são tremendamente diferentes e podem sem dúvida conquistar o seu espaço por mérito próprio.

A Czech Golden Lager, por exemplo, foi o par perfeito para uma "Alfacinha de bacalhau crocante, maionese de alho e molho de tomate picante". Foi uma harmonização de corte, ou seja, a cerveja estava lá para contrastar com os sabores do prato. Uma cerveja ligeiramente doce com um bom toque de amargo, que fazia a tal dança com o salgado do bacalhau e que, confrontada com o sabor ocasional do coentro, abria o espetro de sabor de uma forma tremenda. Para a "Copita de Porco Preto Bolota" a companhia foi uma Dunkel de quatro maltes, menos amarga, para equalizar os sabores.

De seguida, um daqueles momentos que qualquer gourmand gostaria de repetir incessantemente: uma Bavaria Weiss da Selecção 1927 harmonizada com uma "Bifana de porco alentejano com pickles e emulsão de Kimchi". O que se segue é uma fraca tentativa de passar para palavras a verdadeira tempestade sensorial que foi esta experiência. A cerveja, algo turva, é assim de forma natural por não ser filtrada, segundo o que nos diz Marta Fraga. É também uma cerveja mais ácida, com um cheiro mais ativo que não percebemos imediatamente ao que nos lembra. Ténues notas cítricas misturadas com o aroma da banana, que conjugadas com o próprio sabor da fermentação do pão e com as texturas da bifana, se vão compartimentando no palato, com um final de boca que é elegante, refinado, exuberante e criativo. Tudo aquilo que não esperamos de uma bifana e uma cerveja, mas que ali estava, perante as nossas (incrédulas!) papilas gustativas.

Se havia espaço para a sobremesa? Havia pois, para duas, até: um "pudim de azeite e mel com raspas de limão", seguido de um "caramelo salgado" que tinha uma pequena pipoca no topo e petazetas no seu interior. Acompanhadas da IPA (sigla para India Pale Ale), com o seu bouquet tropical, de um caráter floral expressivo, estas sobremesas foram o toque final perfeito de um menu de degustação como nenhum outro, tanto pela originalidade como pela verdadeira lição que foi para quem pensava que comida como esta estava num patamar acima de uma bebida como a cerveja.

Com um novo sentimento de humildade e um sorriso nos lábios, ficámos a saber que estas harmonizações são uma das experiências que a Super Bock organiza frequentemente na sua Casa da Cerveja, uma espécie de museu dedicado a este líquido que pode ter várias matizes, ser mais doce ou mais amargo, mas sempre surpreendente. E precisamente por essa natureza multifacetada, perguntamos à nossa sommelière qual é o truque para descobrir que pratos devem acompanhar cada uma destas quatro cervejas da Selecção 1927. "Pesquisar, experimentar e chamar os amigos para partilhar a descoberta" - diz-nos Marta. "A cerveja tem de ter o seu tempo, é tempo de mostrar o que vale."

Redação