Vítor Martins, antigo presidente do banco público, classifica a reunião em que, sem suspeitar do desfecho, foi demitido em "poucos minutos" como "um dos momentos mais difíceis" da sua vida.
Vítor Martins, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2004 e 2005, foi demitido numa "reunião de poucos minutos" para a qual se preparou julgando que iria falar sobre o futuro do banco público.
"Não me esqueço. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida", confessou aos deputados, admitindo a sua "ingenuidade" por julgar que iria ao ministério das Finanças para uma reunião com Fernando Teixeira dos Santos (que tinha entretanto sucedido a Campos e Cunha no governo de José Sócrates) com o objetivo de falar da estratégia para a CGD.
Martins, que liderou a Caixa durante apenas 10 meses depois de em 2004 ter sido nomeado para o cargo por Bagão Félix no governo de Santana Lopes, disse mesmo que tinha preparado esse encontro estudando os detalhes da gestão do banco, com os quais tinha feito um "volumoso dossier" que acabou por não ser aberto no Terreiro do Paço. Esse dossier, explicou, "foi depois entregue ao Dr Carlos Santos Ferreira", que lhe sucedeu na presidência da Caixa, na passagem de pastas.
Vítor Martins recusa classificar a decisão do governo Sócrates como um "saneamento político" mas sublinha que, quando questionou o ministro sobre os motivos para a demissão, "a resposta foi tudo menos clara, e a única referência que obtive foi vaga, relativa ao fundo de pensões. (Vítor Martins mostrou-se contrário à decisão tomada pelo governo de Santana Lopes no final de 2004 de transferir o fundo de pensões da CGD para a Caixa Geral de Aposentações).