Mais de 200 pessoas foram atendidas no âmbito do plano de contingência em Lisboa.
O Plano de Contingência para as Pessoas Sem-Abrigo Perante o Frio ativado em Lisboa esta semana já permitiu atender mais de 200 pessoas no pavilhão do Casal Vistoso, nas Olaias, disse hoje o vereador dos Direitos Sociais, João Afonso.
"Hoje, aliás, nestes últimos dias, tem estado muito frio e o plano de contingência tem sido muito útil. Já fizemos mais de 200 atendimentos. Todos tiveram possibilidade de fazer um primeiro contato com a estratégia para as pessoas sem--abrigo e tentámos encaminhar para outras respostas, dar continuidade para não voltarem à rua, mas sim irem para um centro de acolhimento", explicou à Lusa.
O vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa falava no Centro de Acolhimento do Beato, à margem da assinatura de um protocolo entre a autarquia, o Núcleo de Planeamento da Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) e a PRIO, empresa que irá ceder, durante os meses de janeiro e fevereiro, 40 aquecedores e doar 800 garrafas de gás e 900 mantas polares.
Presente na cerimónia esteve o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convidado por duas técnicas para visitar o espaço durante a visita que fez na quarta-feira ao Pavilhão do Casal Vistoso, também integrado no apoio aos sem-abrigo.
Marcelo Rebelo de Sousa distribuiu palavras de afeto aos utentes do centro durante a sua visita, na maioria homens com idades entre os 40 e os 50 anos, e no final, já a caminho da viatura oficial, foi abordado por algumas moradoras da freguesia que lhe pediram para tirar uma 'selfie'.
O chefe de Estado deixou o local sob um forte aplauso de cerca de uma dezena de pessoas.
O espaço do Beato é o maior centro de acolhimento dos sem-abrigo da cidade de Lisboa, com capacidade total para 270 pessoas, e, de acordo com o vereador, está numa "fase de reestruturação".
João Afonso revelou ainda que o plano de contingência irá manter-se, "como inicialmente previsto, até esta noite", adiantando que no final do dia será reavaliada a continuação ou não do mesmo.
João Marrana, responsável pelo NPISA, entidade que possui 22 parceiros que dão resposta diferenciadas a estas pessoas, adiantou à Lusa que foi feito recentemente um levantamento do número de sem-abrigo, com números ainda oficiosos, que revela haver cerca de 600 pessoas nesta condição em Lisboa.
"Há uma quebra dos números em Lisboa, mas os dados ainda não estão trabalhados. No entanto, apontam para cerca de 600", explicou João Marrana.
Em maio de 2015, na última contagem com números oficiais avançada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, foram sinalizados 440 sem-abrigo na rua e 376 em centros de acolhimento, totalizando 816, o que se traduz num decréscimo relativamente a 2013.
Na primeira contagem realizada em Lisboa, foram sinalizadas 853 pessoas a viver nas ruas da capital.
Em relação ao protocolo hoje assinado, o vereador João Afonso frisou que a cooperação entre as instituições públicas e privadas é "muitas vezes fundamental para atingir resultados [...] e que em determinados momentos e para grupos vulneráveis são ainda mais relevantes".
Também o presidente executivo da PRIO, Pedro Morais Leitão, frisou que este ano a sua empresa quis fazer a diferença com "um contributo que aqueça e conforte a vida destas pessoas".