Comunistas admitem "soluções" para manter a Carris no setor empresarial do Estado sem necessidade de eliminar, por completo, o decreto-lei, desde que corresponda aos "objetivos" definidos pelo PCP.
Depois de entregar o pedido de apreciação parlamentar do decreto-lei que transfere a gestão da Carris para o município de Lisboa, o PCP não abre o jogo e não esclarece, para já, se, tal como no caso da TSU (Taxa Social Única), o pedido de apreciação tem como objetivo a cessação da vigência do decreto-lei ou fazer alterações ao diploma.
Em conferência de imprensa, esta tarde, na sede do PCP, João Frazão, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, afirmou que os comunistas ainda estão a estudar de que forma irão intervir sobre a matéria.
"Nós vamos intervir com este objetivo. De que forma vamos intervir, ainda não está completamente decidido", disse, dando conta de que a decisão "será tomada a seu tempo, não está tomada".
João Frazão diz ainda que, a 18 de janeiro, o PCP já tinha anunciado o pedido de apreciação parlamentar, defendendo por isso que a iniciativa não devia ser motivo para surpresas.
"No dia 18 de janeiro o deputado Bruno Dias anunciou, na presença do ministro, que iríamos apresentar este pedido, portanto, dizer-se que é uma surpresa é, no mínimo, estranho", salienta.
PCP admite diálogo para chegar a "soluções". Pedido de apreciação não compromete "situação" política
Questionado sobre se pode haver uma solução sem haver uma rejeição completa do decreto-lei, o membro do Comité Central comunista não fecha a porta ao diálogo, admitindo soluções, desde que não passem pela municipalização da Carris.
"Pode haver sempre soluções para manter a Carris no setor empresarial do Estado e corresponder aos objetivos que definimos. Há sempre soluções, desde que haja interesse e vontade", acrescentou João Frazão.
O PCP, que se mostrou contra a privatização da Carris, considera que a empresa de transporte público de passageiros deve fazer parte do setor empresarial do Estado - e não ser gerida apenas pela autarquia liderada pelo socialista Fernando Medina -, defendendo que só assim poderá ser garantido o investimento "necessário" na empresa, bem como a "valorização" dos trabalhadores da Carris.
Questionado sobre se este pedido pode beliscar a atual relação com o PS, João Frazão considera que não há motivos, desde que haja espaço para acolher algumas das medidas propostas pelos comunistas.
"Pela clareza e seriedade de posições com que o PCP está nesta matéria, pela coerência com que intervém na defesa dos transportes públicas, das populações e dos trabalhadores da Carris, seria muito estranho que esta posição pusesse em causa qualquer situação... A não ser a municipalização do país", concluiu.
A apreciação parlamentar que foi requerida pelo PCP vai ser agendada, em conferência de líderes dos grupos parlamentares, esta quarta-feira.