A Câmara de Setúbal mandou encerrar todas as escolas, de todos os graus de ensino, no concelho na quinta-feira, face às recomendações da Direção-Geral da Saúde
A responsabilidade é do incêndio na Sapec. "A autarquia decidiu promover o fecho dos estabelecimentos de todos os graus de ensino com base nas declarações do diretor-geral da Saúde, Francisco George"
O diretor-geral da Saúde disse que "existem riscos para a saúde humana devido ao incêndio nos armazéns de enxofre da Sapec localizados na Península da Mitrena".
Num comunicado a Câmara de Setúbal, diz que "a autoridade sanitária aconselhou cuidados especiais à população, como evitar a permanência no exterior ou fazer esforços ao ar livre, em particular a alguns grupos, como crianças, idosos e portadores de doenças do foro respiratório ou cardíaco". Entretanto, o vereador da proteção civil de Setúbal, Carlos Rabaçal, diz que "estes cuidados se devem à sequela da nuvem tóxica".
Os encarregados de educação de milhares de alunos e crianças que frequentam os infantários do concelho foram informados pelos estabelecimentos de ensino ao final da tarde e outros estão a ser informados da decisão do município por telefone.
O agrupamento de escolas de Azeitão, em nota colocada no site e enviada aos encarregados de educação, informa que a decisão de encerrar as quatro escolas básicas do 1.º ciclo e duas escolas básicas do 1.º ciclo com jardim de infância, "resulta do acidente nos armazéns da fábrica SAPEC e da mudança de direção dos ventos poluídos com níveis elevados de dióxido de enxofre".
Em conferência de imprensa realizada esta quarta-feira à tarde, o Diretor-Geral de Saúde, Francisco George, aconselhou os habitantes da península de Setúbal a protegerem-se devido a elevados níveis de dióxido de enxofre no ar, esclarecendo que crianças, idosos e doentes com problemas respiratórios crónicos ou cardiovasculares não devem sair de casa e fechar as janelas.
As recomendações surgem um dia depois de um incêndio num armazém de enxofre, numa fábrica em Setúbal. Mais de 24 horas depois do incêndio, continua a ser libertado dióxido de enxofre para a atmosfera, considerando Francisco George que as próximas 12 horas são as mais críticas.
A conferência de imprensa para informar dos "potenciais riscos para a saúde humana" decorrentes da nuvem tóxica na zona de Setúbal juntou além de Francisco George responsáveis da Direção Geral e da Agência Portuguesa do Ambiente, da Proteção Civil, do INEM e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Os responsáveis disseram que a dificuldade em extinguir o incêndio e a mudança do vento levaram a que a nuvem não se dissipasse pelo que há "níveis elevados de dióxido de enxofre" no ar, embora até agora não tivesse sido comunicado qualquer caso de doença ou de sintomas derivados do problema.
Segundo o diretor-geral da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, a população tem de ser avisada quando no ar há mais de 500 microgramas de dióxido de enxofre por metro cúbico, sendo que, disse, esses valores foram superados e numa das estações de medição chegaram aos 900 microgramas.