Os deputados da Coreia do Sul aprovaram, a 9 de dezembro, a destituição de Park Geun-hye, mas a decisão tinha de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.
O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul ratificou por unanimidade a destituição da presidente do país, Park Geun-hye, que o Ministério Público considera suspeita num caso de corrupção e tráfico de influências que envolve uma amiga.
Com a destituição, Park perde a imunidade e a Coreia do Sul tem que realizar eleições presidenciais no prazo inferior a 60 dias.
O escândalo "Choi Soon-sil Gate" reduziu a taxa de aprovação da presidente a 5%, o valor mais baixo alguma vez alcançado por um chefe de Estado na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980.
Uma equipa independente de procuradores tornou públicas esta semana as suas conclusões da investigação de mais de três meses sobre o caso de corrupção que envolve a amiga Choi Soon-sil e na qual se volta a referir a presidente como suspeita de vários crimes.
Os investigadores consideram que Park e Choi se puseram de acordo para pressionar a Samsung e outros grandes conglomerados empresariais sul-coreanos para que fizessem doações a organizações relacionadas com a amiga da chefe de Estado, em troca de um tratamento favorável das autoridades, afirmaram em comunicado.
A investigação conclui também que a presidente estava a par da criação de uma lista negra de quase 10.000 artistas e profissionais do mundo da cultura críticos do Governo, concebida com o objetivo de cortar as suas vias de financiamento público e privado.
A Procuradoria da Coreia do Sul revelou que a presidente teve um papel "considerável" no caso e acusou formalmente Choi Soon-sil e dois antigos assessores presidenciais, indicando que Park cooperou com a amiga e os outros dois ex-colaboradores, que são suspeitos de terem pressionado mais de 50 empresas do país a doar 65,7 milhões de dólares (62 milhões de euros) a duas fundações.
Protestos causam dois mortos
Duas pessoas morreram na sequência de manifestações na Coreia do Sul, horas depois da destituição pelo Tribunal Constitucional da presidente sul-coreana, informou a agência Associated Press.
Um responsável de um hospital disse que um homem de cerca de 70 anos morreu na sequência de ferimentos na cabeça, depois de cair de cima de um autocarro da polícia em frente ao Tribunal Constitucional.
A mesma fonte afirmou que o homem, que se estima ser apoiante de Park, estava a sangrar bastante quando chegou ao hospital e que morreu ao início da tarde (madrugada em Lisboa).
A polícia sul-coreana informou que uma segunda pessoa que estava a protestar contra a destituição de Park morreu, mas sem facultar mais detalhes.
Milhares de apoiantes de Park reagiram mal ao veredito, gritando e atingindo os agentes da polícia com paus de bandeiras e foram para cima dos autocarros da polícia usados para criar um perímetro de segurança para proteger o tribunal.
Coreia do Sul em alerta face à Coreia do Norte após destituição
O Ministério de Defesa e o Estado-maior Conjunto da Coreia do Sul ordenaram aos militares no ativo que elevem o seu nível de alerta face a possíveis "provocações" de Pyongyang, após a destituição da presidente sul-coreana.
Numa videoconferência hoje com os comandantes militares, o ministro da Defesa, Han Min Koo, disse que a Coreia do Norte pode fazer provocações "estratégicas ou operacionais" a qualquer momento.
Na segunda-feira, Pyongyang lançou quatro mísseis de médio alcance para o Mar do Japão, em resposta às manobras anuais conjuntas que estão a ser realizadas em território sul-coreano pelas tropas de Seul e Washington.
A imprensa da Coreia do Norte, que seguiu de perto o escândalo de corrupção que abalou o país vizinho, informaram da destituição da Presidente sul-coreana num breve despacho sobre a decisão do tribunal em Seul, antecipando que Park vai agora ser investigada como uma "criminosa comum".