Economia

Venda do Novo Banco é "equilibrada" mas "não é perfeita"

MÁRIO CRUZ/LUSA

O Bloco desafiou, sem sucesso, o Governo a trazer o negócio à AR. O PCP avança com recomendação para tentar "travar" o acordo com o fundo Lone Star.

Isolados na defesa do acordo assinado com o fundo Lone Star para a venda do Novo Banco, o PS e o ministro das Finanças, Mário Centeno, falam em "limitar danos, depois de um "difícil ponto de partida".

"Esta é uma solução equilibrada e que tem presente a necessária proteção dos contribuintes, da economia, da estabilidade da instituição e do sistema financeiro. Não quer dizer que tenha sido a solução perfeita na perspetiva do Estado. Mas foi a melhor entre as alternativas que se apresentaram neste processo", afirmou Mário Centeno depois de ouvir as críticas de todas as bancadas.

O BE, que teve a iniciativa do debate, criticou "duas ficções" que acusa o Governo de ter apresentado para justificar a venda do Novo Banco.

"Há duas ficções que nos estão a ser apresentadas pelo Governo para produzir uma chantagem: a ficção do custo zero da venda e a ficção de que não haveria alternativa, ou, noutra versão, de que a nacionalização seria mais cara", criticou Mariana Mortágua.

O Bloco considera que o negócio pode sair caro ao Estado português, através de "uma garantia pública que o Governo assegurou que nunca existiria".

"Feitas as contas, no pior dos cenários, o Lone Star gasta mil milhões de euros para ficar com um banco limpo e o Estado paga 7,79 mil milhões para ficar sem banco nenhum",rematou Mariana Mortágua.

O PCP também defende que o Novo Banco devia ter ficado na esfera pública, criticando os contornos do acordo e anunciou a apresentação de um projeto de resolução, desafiando o PSD e o CDS a contribuírem para travar o negócio.

O PEV considerou que a venda representa um "erro monumental" que "empurra ou sacode os problemas" do Novo Banco para o futuro.

PSD e CDS acusam o Governo de ter falhado "nos objetivos, na negociação e na coerência." e tentaram colar os partidos da esquerda:"não foi apenas o Governo que falhou, foram os partidos que o apoiam", disse a centrista Cecília Meireles

Pelo PSD, Leitão Amaro considerou que o negócio implica que o Estado, através do Fundo de Resolução, fica "pelo menos mais oito anos amarrado na responsabilidade agora assumida", com os acionistas sujeitos a "aceitação forçada de perdas" e responsabilizou também a esquerda:

"O Governo só tomou esta decisão porque a cada semana BE, PCP e PS se juntam no seu apoio. Só existe este mau negócio porque este Governo decidiu, só existe Governo porque estes partidos o apoiam", sublinhou o deputado social-democrata.

O assunto vai regressar ao Parlamento, quando for agendada a recomendação do PCP para travar o acordo de venda do Novo Banco.