Política

Costa afasta discussão sobre comboios de alta velocidade

Primeiro-ministro diz que o assunto está encerrado por "muitos e longos anos" e explica quais são as prioridades da ferrovia na ligação com Espanha.

O primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se hoje em Madrid convencido de que não voltará a haver um debate sobre as ligações ferroviárias de alta velocidade em Portugal, que inclui a ligação Lisboa a Madrid, antes de 2023.

"A discussão sobre a alta velocidade é uma discussão que um dia inevitavelmente voltará, mas não creio que esse dia esteja no calendário desta legislatura [2015-2019] ou que esteja mesmo no calendário da próxima legislatura" [2019-2023], disse António Costa, num jantar da Câmara de Comércio Hispano Portuguesa na capital de Espanha.

Para o chefe do Governo português "é uma discussão que foi perdida, é um assunto encerrado por muitos e bons anos".

"Eu estou particularmente à vontade, porque é público e notório de que fui defensor da ligação de Portugal à rede de alta velocidade", disse António Costa, em resposta a uma pergunta de um empresário presente no encontro, que considerou "vergonhoso" que o serviço que faz a atual ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid demore 12 horas.

O antigo Governo socialista liderado por José Sócrates, de que António Costa fez parte, aprovou a construção de uma linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, mas em 2011, o Governo de Pedro Passos Coelho, apoiado pela coligação PSD/CDS-PP, chumbou o projeto, que considerou ser demasiado caro para o país.

O primeiro-ministro sublinhou que as prioridades atuais de ligação ferroviária entre os dois países são a eletrificação da linha entre o Porto e Vigo (Espanha) e a construção de uma linha ferroviária "de boa capacidade" entre Sines e Badajoz (Espanha).

No discurso que fez durante o jantar, António Costa incentivou os empresários presentes a investirem em Portugal, um país que considerou estar num momento de mudança e cada vez mais atrativo para o investimento estrangeiro.

A diminuição do défice orçamental para 2,1 % do PIB em 2016, a estabilidade política, a melhoria no mercado de trabalho e a estabilização do sistema financeiro foram alguns dos exemplos dados.

António Costa referiu que crescimento económico está a aumentar: "Não são ainda as taxas de crescimento de Espanha, mas lá chegaremos", disse.

O chefe de Governo recordou que o porto de Sines é aquele que mais perto está de Madrid e estimulou os empresários espanhóis a usarem-no como porta de entrada e saída das suas mercadorias para o resto do mundo.

Lisboa e Madrid realizam em 29 e 30 de maio próximo a habitual cimeira ibérica, que desta vez terá lugar no norte de Portugal.

António Costa participou hoje em Madrid numa cimeira dos sete países do sul da União Europeia.