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Manuel Alegre fala de um «Cão como nós»

«Cão como nós» é o título do novo livro de Manuel Alegre, que será apresentado, esta quarta-feira, ao público. A obra fala de um português errante, que presta tributo a um cão «que não queria ser cão», «rebelde, caprichoso, desobediente», mas inesquecível.

A obra fala de um cão, mas «não um cão como os outros». Fala de um «cão rebelde, caprichoso, desobediente, (...) que não queria ser cão e era cão como nós». É assim que Manuel Alegre vê o cão que descreve na nova obra, uma novela intitulada «Cão como nós».

Kurika era o seu nome, «nome de leão», como foca o poeta durante a história, dedicada a um só cão, um «épagneul-breton, LOP, de manchas castanhas, com uma espécie de estrela branca no meio da cabeça». E é para o cão que o português errante, igualmente narrador, fala durante a obra.

«É verdade cão, os camaradas são cada vez menos. Uns morreram, outros estão-se nas tintas. Ficam connosco as sombras dos campos de batalha, os ecos, os rumores, as horas de tudo ou nada, as balas tracejantes, os amores intensos, eternos, breves».

«Fica connosco, como disse o poeta, a flama inconquistada. Sim, eu sei, cão, o melhor amigo do homem, etc..Tretas! Quantas vezes tu próprio me traíste, me enganaste, agora estás aí. Pode não estar mais ninguém, mas tu estás. Ainda que sombra, não mais que sombra, amigo do homem, camarada cão».

Estes são excertos da obra de Manuel Alegre, sobre um «cão que não queria ser cão e não lambia a mão e não respondia à voz». Um trabalho a ser apresentado, esta quarta-feira, pelas 19:30, na Biblioteca Municipal Central - Palácio Galveias, Campo Pequeno.

Redação