«Interaction» terminou este domingo com a casa cheia. Muito mais do que um passagem de modelos, a ModaLisboa pretende mostrar o que de melhor se faz em Portugal, como explicou à TSF Eduarda Abbondanza, uma das responsáveis pelo projecto.
Do simples frequentador do Bairro Alto, a vedetas como Miguel Angelo, Cinha Jardim ou João Gil, ninguém quis perder o encerramento de «Interaction». Os fãs da moda nacional eram tantos que algumas dezenas de convidados tiveram mesmo que ficar à porta. Um imprevisto que a organização promete não voltar a acontecer.
A 19ª edição da ModaLisboa foi um sucesso, a avaliar pela lotação esgotada dos três dias. No Convento do Beato não faltaram os representantes da imprensa estrangeira cada vez mais curiosos por assistir a este evento que tem já 11 anos de história.
A sessão de domingo começou com o projecto LAB onde foi apresentada a moda mais experimental da croata Lidija Kolovrat. Depois foram apresentadas as criações Anabela Baldaque, Katty Xiomara, Pedro Mourao, Dino Alves, Tenente e Miguel Vieira.
ModaLisboa: «Um enorme trabalho de equipa»
A ModaLisboa tem já o seu espaço e até um público fiel. Mas quando pela primeira vez se ouviu o nome ModaLisboa, em 1991, nem os próprios organizadores imaginaram criar um evento com estas dimensões. O segredo? «Um enorme trabalho de equipa. Todas as pessoas que trabalham e que fazem o projecto ModaLisboa têm uma ligação à moda muito forte e intensa», explicou à TSF Eduarda Abbondanza que, com Mário Matos Ribeiro, iniciou o projecto.
Além disso, sublinha Eduarda, «todos os profissionais da ModaLisboa, fotógrafos, manequins, agências, criadores, maquilhadores, cabeleiros, a equipa de som e luz, todos são escolhidos não porque têm cunha mas porque são bons». «Não cedemos a compadrios porque o que nós queremos é que o trabalho seja sempre o melhor possível», acrescenta.
Ao contrário da maior parte dos projectos culturais, a ModaLisboa escapou à crise financeira que o país vive. «A parte pública de financiamento de que usufruímos é um protocolo anual que vai até ao final deste ano. A outra parte de financiamento público vem do programa operacional de economia (POE) que são fundos estruturais da comunidade europeia que não foram afectados. Só «notámos uma maior contenção por parte dos patrocinadores onde, aí sim, houve um reflexo da crise».
«Temos capacidade para fazer muito mais»
Aliás, o POE atribuiu à ModaLisboa um financiamento extra que permitiu à associação sair pela primeira vez das fronteira nacionais rumo a Barcelona com o projecto +Portugal. Foi também este financiamento comunitário que permitiu fazer uma campanha internacional nas «Vogue»'s, «I-deia»'s e «Face»'s internacionais. Foi uma «experiência muito positiva porque houve muita interacção», sublinha a organizadora.
Chegar além fronteiras é, de resto, uma das ambições da associação. Um dos sonhos da ModaLisboa é «conseguir que os criadores nacionais começassem a exportar, abrissem lojas no estrangeiro, vendessem para lojas multimarca e que se tornassem empresas fortes e competentes. Aí, o trabalho da ModaLisboa seria diferente passava para níveis 'superiores' numa conquista do mercado externo».
Por isso, apesar do POE acabar agora, a ModaLisboa deverá candidatar-se mais uma vez para dar continuidade ao projecto de internacionalização. «Não há hipótese de trabalhar internacionalmente sem o abrigo deste financiamento», sublinha.
Uma incerteza financeira que acaba por prejudicar a evolução do projecto. «Gostávamos que a ModaLisboa não fosse tão instável em termos de financiamento. Os planos estruturais são de um ano, os protocolos são de um ano e nós estamos sempre com a corda na garganta. Podíamos crescer muito mais se tivéssemos mais certezas. Porque temos capacidade para fazer muito mais do que isto», conclui Eduarda.