Abrantes vai ser ecrã do filme «Branca de Neve» de João César Monteiro. A exibição acontece às 21:30 no Cine-Teatro de São Pedro, numa iniciativa que tem como objectivo levar invisuais ao cinema.
A «Palha de Abrantes», Associação de Desenvolvimento Cultural, leva, esta quarta-feira, a um público muito especial, o filme «Branca de Neve» de João César Monteiro.
Nascida em 1995 a «Palha de Abrantes» conta com uma longa lista de actividades, entre elas o «Espalhafitas» dedicado ao cinema, que foi criado no sentido de proporcionar uma alternativa ao tipo de filmes chamados comerciais.
Pensando nas característica especificas do filme, e na polémica que envolveu o «Branca de Neve», foram feitos convites a invisuais, através da ACAPO, desafiando-os para irem ao cinema.
Depois da exibição da película haverá uma conversa liderada pelo crítico de arte Alexandre Melo, com todos os presentes.
Tal como em todos os filmes exibidos pelo «Espalhafitas» será distribuída a ficha técnica, contendo a sinopse do «Branca de Neve» com a particularidade desta vez, também, ser em braille.
Sobre o Filme
A película de João César Monteiro foi realizada a partir de «A Branca de Neve» de Robert Walser.
Walser retoma o conto onde Grimm o deixou. As personagens, na mão do escritor, permitem-se tudo, mesmo fazer uma careta à história.
Com beijos envenenados, amor e crime intimamente sobrepostos, foi absolutamente essencial corrigir a narrativa de Grimm para poder resultar no filme de Monteiro.
Não é de todo uma obra conceptual e a passagem ao ecrã negro faz aqui sentido de uma forma clássica.
Escutar Walser permite convencermo-nos: «Mais do que ver, gostaria de ouvir». Sente-se, assim, um vivo prazer na tentativa de atenuação do espectáculo para se escutar o texto.
Durante a narrativa, Branca de Neve, morta e ressuscitada, descobre enfim a paz, o sentido do ódio, do amor e a força do perdão.
É preciso, assim, morrer para aprender a viver, e o filme experimenta com graça contornar esse outro mundo.