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Presidência demite-se por incompatibilidade com tutela

O presidente e o vice-presidente do ICAM apresentaram hoje a sua demissão ao Ministério da Cultura, não só devido aos problemas financeiros da instituição mas também por causa de divergências éticas e políticas com a tutela.

O presidente do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM), Pedro Berhan da Costa (na foto), pediu hoje demissão do cargo, em conjunto com o vice-presidente, Carlos Rodrigues. Razões financeiras, éticas e políticas estão na origem da demissão.

A direcção comunicou a sua decisão à tutela durante um encontro com o secretário de Estado da Cultura, José Amaral Lopes, e com o ministro, Pedro Roseta, um dia depois da direcção do ICAM ter entregue um relatório que descreve a situação financeira deste organismo.

«Cheguei à conclusão de que esta tutela é completamente insensível às justificações que apresentei num relatório exaustivo sobre a situação (financeira) do ICAM», declarou o presidente demissionário à agência Lusa.

O documento tinha sido pedido no início de Outubro e entregue quarta-feira, poucos dias depois da demissão do outro vice-presidente do instituto, José Pedro Ribeiro, que justificou a sua saída com a situação financeira crítica vivida por este organismo.

Quando da demissão de José Pedro Ribeiro, o presidente do ICAM não colocou a hipótese de sair por considerar a situação «difícil mas sob controlo», e por não querer abandonar a instituição num momento de crise.

Presidente do ICAM e tutela trocam acusações

Para Pedro Berhan da Costa, a «falta de apoio» manifestada pela tutela e a «total indefinição de uma política para o cinema, ausência de metas, objectivos e ideias», levou-o a pedir hoje a demissão. Berhan da Costa critica ainda a «falta de ética no comportamento do secretário de Estado da Cultura», ressalvando, contudo, que tem uma boa impressão do ministro da Cultura.

Durante a reunião de hoje, o presidente demissionário soube «de forma inequívoca» que a tutela tinha dúvidas quanto ao relatório, e esta reacção, aliada a acusações de «falta de capacidade para tomar medidas para o sector» levou-o a decidir pelo abandono do cargo.

O ex-responsável do instituto, que se encontrava nesta entidade desde 1995, disse que o seu pedido de demissão foi de imediato aceite pela tutela.

José Amaral Lopes, secretário de Estado da Cultura, afirma que «houve vários factores que levaram à retirada de confiança política» da presidência do ICAM mas sublinha que o mais grave «foi a incapacidade da direcção em dar resposta à grave crise que atinge o instituto e todo o sector do cinema».

Como o relatório foi insatisfatório, a quebra de confiança «foi inevitável» e a tutela diz ter já em vista uma nova equipa para o ICAM, que deverá anunciar na próxima semana.

Redação