O Centro para o Estudo das Artes de Belgais, projecto cultural lançado por Maria João Pires há três anos, na Beira Baixa, pode ter de fechar as portas já no fim deste mês, isto se até essa altura não chegarem os financiamentos previstos num protocolo assinado com o Ministério da Educação.
A ameaça de encerramento da Casa de Belgais surge na véspera da entrega do Prémio Música 2002 da UNESCO a Maria João Pires. Um galardão que não enaltece apenas o género interpretativo da artista mas também o projecto que tem vindo a animar, em Belgais.
Maria João Pires pode ter de fechar as portas já no fim de Novembro se entretanto não chegarem os apoios previstos num protocolo assinado há três anos com o Ministério da Educação.
Se isso acontecer cai por terra mais um sonho da pianista: o de abrir, já no próximo ano lectivo, uma escola do ensino básico conciliando o estudo e as artes.
Em risco
Na entrevista que deu ao programa da TSF «Pessoal e Transmissível» de Carlos Vaz Marques, Maria João Pires é uma mulher confrontada com ameaças inultrapassáveis, pronta a suspender o sonho em Belgais.
«Estamos em risco de serem cortados 45 por cento àquilo que está estipulado no protocolo, mas este protocolo não foi assinado por este Governo, foi assinado pelo Governo socialista», explicou a pianista apesar de afirmar que o actual Governo reconheceu o protocolo como válido.
No entanto, 55 por cento pertencem ao Ministério da Educação e os outros 45 deverão ser encontrados pelo Ministério da Educação através de privados e «parece que o Governo tem tido até agora grandes dificuldades» em encontrar essas verbas.
O sonho «não pode morrer»
As preocupações chegam já à Câmara Municipal de Castelo Branco, o presidente Joaquim Mourão considera que o sonho de Maria João Pires não pode morrer.
«São precisos apoios financeiros para que aquele centro funcione, para que uma obra importantíssima como aquela que Maria João Pires está a fazer em Belgais seja concretizada», afirmou o autarca albicastrence.
Mas até agora não há resposta do Governo, o Ministério da Educação ainda não encontrou soluções para estes 45 por centro, o ministro David Justino garante que o acordo está a ser escrupulosamente cumprido, no entanto, defende que este protocolo é um erro porque jamais concordaria com um protocolo onde se obrigasse a encontrar mecenas quando não há condições para tal.
Governo reconhece importância do centro
Do lado do Ministério da Cultura, o secretário de Estado adjunto, José Amaral Lopes, também reconhece a importância deste centro, mas reforça as críticas ao protocolo afirmando que é uma forma do Estado fugir a responsabilidades atribuindo-as aos mecenas.
O Ministério da Educação garante que está a tentar encontrar o apoio necessário e espera ter uma resposta até o final do ano.