artes

«Eça de Queirós ainda mexe»

No México, a obra literária de Eça de Queirós, no México, pode dividir-se no antes e depois da exibição d'«O Crime do Padre Amaro». Polémica à parte, o importante «é que Eça de Queirós ainda mexe».

«O curioso é que Eça de Queirós ainda mexe. Isso é que é importante», refere Gonçalves Guimarães, da Confraria Queirosiana.

Para Gonçalves Guimarães, que falou à Lusa numa das salas do Solar dos Condes de Resende, em Gaia, onde o escritor passou algumas temporadas de férias (Eça era casado com uma filha do Conde de Resende) a principal vantagem de toda esta polémica é que permite «pôr o mundo a ler Eça de Queirós».

Opinião diferente defendeu a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), que solicitou a intervenção do ministério da Cultura, considerando que compete ao Estado zelar pela genuinidade e integridade das obras caídas no domínio público, como acontece com o legado literário de Eça de Queirós.

Numa reacção a esta posição, a Confraria Queirosiana emitiu no início de Outubro um comunicado em que considerava «perfeitamente tonta» a sugestão feita ao ministro da Cultura para impedir a exibição do filme em Portugal.

Não propriamente contra a proibição, mas certa da inviabilidade desta posição está Maria da Graça Salema de Castro, viúva de um neto do escritor e presidente da Fundação Eça de Queirós.

«Vivemos num país e numa altura em que é impossível proibir, pelo que não vale a pena ter essa posição», afirmou, admitindo apenas saber que se trata de um filme que «levantou muita polémica» e que «o que lá está não é exactamente o mesmo que está no livro».

«Talvez veja o filme, mas ele não me está a despertar grande curiosidade», afirmou, apesar de reconhecer que gostou «imenso» do livro que está na base do argumento.

«Gostei imenso do livro, apesar de ser muito desagradável para mim, que sou católica praticante», acrescentou.

A Igreja Católica portuguesa não tem prevista nenhuma posição formal sobre o filme, disse à TSF uma fonte da Conferência Episcopal.

Eça de Queirós «best-seller» no México

«O Crime do Padre Amaro», a obra de Eça de Queirós com mais edições, traduções e adaptações, esgotou no México, em menos de 4 dias. A segunda edição, que está já a ser preparada, vai ter uma tiragem de 30 mil exemplares e vai ser editada no formato de livro de bolso.

A versão traduzida do romance, publicada pela editora Gernika, continua a registar grandeprocura, figurando no «top» das livrarias. Só na última semana, por exemplo, foi o quarto livro mais vendido no país.

Redação