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«Lua do Mar nasceu como uma criança»

Lançado na FNAC do Chiado, «Lua do Mar», da autoria de Nuno Garcia Lopes e imagens de Mafalda Milhões, leva os mais pequenos à relação com a natureza de uma forma divertida. O sucesso de vendas fez nascer um segundo volume, a publicar em Fevereiro.

A editora «O Contador de Histórias» lançou, quarta-feira, na FNAC do Chiado, «Lua do Mar» de Nuno Garcia Lopes. O poeta agora virado para a literatura infantil quer sensibilizar os mais pequenos para a natureza de uma forma poética e divertida.

«'Lua do Mar' nasceu tal como nasceu uma criança. Teve muito a ver com o nascimento da minha filha Mariana. A partir daí, Lua do Mar passou a ser um projecto de vida, ou seja, ir acompanhando o crescimento de uma criança através da publicação de livros que iam beber ao imaginário infantil», explicou Nuno Garcia Lopes.

«O nome do livro é de alguma forma poético e tem a ver com o facto das crianças quando bebés terem uma face muito parecida com a da lua cheia. É daí que nasce, da imagem da criança que vai crescendo e mantendo a pureza original. Ao mesmo tempo há uma forte relação com o mar enquanto sujeito poético e literário muito importante, até porque a lua acaba sempre por banhar-se nas águas do mar», acrescentou.

«Lua do Mar» é uma menina que decide ir com o gato ao encontro da sua irmã, a «Lua do Céu», numa viagem cheia de aventuras e descobertas. Um texto para todas as idades onde se inserem as imagens de Mafalda Milhões, natural de Mirandela e estudante em Tomar.

A professora e escritora tem já publicados alguns livros, entre eles «Perlimpimpim...perlimpimpão», «Aqui há Magia» e «Olá».

«Lua do Mar» está a ser trabalhada uma versão teatral pelo grupo de teatro tomarense «Ultimato», mas a estreia ainda não está agendada.

«Viver sem sujar os locais onde se vive»

O segundo volume, cujo lançamento deve acontecer em Fevereiro, vai centrar-se na problemática do lixo.

«A determinada altura um cão vai ser confrontado com o facto de ter ficado sujo porque escorregou num monte de papéis, tenta lavar-se num lago, o qual também está poluído. As três personagens («Lua do Mar», o gato e o cão) tentam então encontrar uma forma de fazer com que as pessoas deixem de sujar os locais onde vivem», adiantou o escritor.

Questionado sobre a relação entre o Nuno poeta e o Nuno escritor de livros infantis, o autor lembrou que o Nuno poeta foi a primeira coisa que surgiu, tinha apenas oito anos.

«A poesia é uma maneira de ir burilando cada vez mais as palavras e as imagens até ficarem como que obras de arte. O livro infantil foi um pouco mais difícil porque era necessário chegar a uma linguagem com qualidade literária, mas acessível às crianças. Quando começamos a encontrar esse caminho da escrita descobrimos que a poesia é um caminho que anda muito perto porque as crianças têm nelas muita poesia», explicou.

Levar as histórias aos hospitais e prisões

O «Contador de Histórias» surgiu em meados da década de 90 com o objectivo de levar a poesia às pessoas através de recitais. Agora, com uma dimensão nacional, a editora tem outras preocupações, nomeadamente, a colaboração com a Fundação Gil. A ideia é levar as histórias às crianças que estão nos hospitais e nas prisões.

«Na altura havia penas uma biblioteca em Tomar, tinha muitos livros, mas as instalações eram antigas e não havia possibilidades de lá se fazerem actividades. Pouco a pouco, 'O Contador de Histórias' foi fazendo alguns recitais de poesia, edições dos encontros literários e depois veio a publicação».

O futuro dos livros em Portugal

A maior dificuldade do «Contador de Histórias» é a distribuição. «Contámos com a distribuição nas zonas de Lisboa e Porto feita pela Assírio e Alvim, só que faltava o resto do país, e nos últimos tempos temos colaborado com o Bichinho do Conto, uma editora mais dedicada a livros infantis, mas que abriu a possibilidade de chegarmos a mais locais».

O escritor deixa um recado às livrarias. «Devem pensar que estamos no século XXI. Há livrarias muito boas, ainda recentemente lançamos na Ler Devagar, 'Sentidos da Utopia'. Esta livraria é o exemplo de quem reage aos tempos», porque na sua opinião as crianças gostam de livros e é pelas livrarias que passa o futuro dos livros em Portugal.

Redação