Rolando Sá Nogueira morreu esta segunda-feira em Lisboa aos 81 anos. O pintor deixa uma vasta obra, que pode ser apreciada não só em museus como em espaços públicos da cidade de Lisboa.
O pintor Rolando Sá Nogueira morreu vítima de doença prolongada aos 81 anos em Lisboa, informou a família. O corpo de Sá Nogueira vai ficar em câmara ardente a partir das 17:00 de terça-feira na Igreja de São João de Deus de onde sairá o funeral, no dia seguinte, para o cemitério do Alto de São João.
Natural de Lisboa, Sá Nogueira frequentou os cursos de arquitectura e pintura na Escola de Belas Artes. Iniciou a sua vida profissional em 1952 com diversos trabalhos em mosaico, azulejo e vitral. Posteriormente entrou no atelier do mestre Frederico George, onde começou a pintar cenários e figurinos para o teatro.
O trabalho deste pintor está presente, entre outros, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian mas também em espaços públicos da cidade que o viu nascer. A estação de Metropolitano das Laranjeiras é da sua autoria, com a colaboração do escultor Fernando Conduto. Sá Nogueira passou, a determinada altura da sua carreira - na sua importante passagem por Londres -, a recorrer à fotografia e à colagem como método de representação hiper-realista. A estação das Laranjeiras «herda» esta ideia, com as enormes e coloridas laranjas a colorir este subterrâneo da capital.
O Passeio de Neptuno, junto à Marina do Parque das Nações, também exibe uma obra de Sá Nogueira. Trata-se de «Rio Vivo», uma composição com vidro e mosaico, onde figuram vários motivos de peixes.
A passagem por Londres que tanto marcou a obra de Sá Nogueira aconteceu nos anos 60. Este antes e depois é visível nas suas telas. Antes uma Lisboa alheia às polémicas, com o olhar do pintor a deter-se no que lhe está próximo, no seu circulo de amigos, os arquitectos para os quais trabalhava, as ruas, os jardins, um quotidiano algo melancólico e solitário. Depois a explosão na tela daquilo que o olhar capturou primeiro nas ruas de Londres, no regresso, Lisboa. A colagem domina as suas composições, suportada pela fotografia e pela fotomontagem. A influência da Pop britânica é notória.
De regresso a Portugal, no atelier Conceição Silva, dedica-se a séries temáticas. Mais tarde abraça também a vida académica na Escola Superior de Belas Artes do Porto, como assistente, e na Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, como professor.
Actualmente Rolando Sá Nogueira era assistente da Faculdade de Arquitectura de Lisboa e professor da Escola Superior (Árvore) do Porto.