O novo romance do escritor Luiz Pacheco, «Os Doutores, a Salvação e o Menino Jesus», é hoje lançado em Lisboa na livraria Ler Devagar, apresentado por António Cabrita.
O Menino Jesus tem 12 anos e foge de casa, cansado da iniquidade grassante, para se confrontar com os Doutores - solene academia habitualmente reunida para discussão de coisas várias, como a Ortografia.
O Menino vai relatar o estado do Mundo, lembrando o seu papel cívico, crítico e pedagógico perante a multidão de académicos que aplaude o seu discurso, até que a Autoridade chega e tudo varre e silencia, acabando mesmo por deter o Menino.
Assim decorre o novo livro de Luiz Pacheco, nascido em Lisboa em 1925, aluno de Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, curso que não concluiu, e agente fiscal da Inspecção de Espectáculos a partir de 1946.
Aos 20 anos, Luiz Pacheco começou a publicar diversos artigos em vários jornais e revistas, de que se destacam O Globo, Bloco, Afinidades, O Volante, Diário Ilustrado, Diário Popular e Seara Nova.
Em 1950, funda a editora Contraponto, onde publica escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Helder e Vergílio Ferreira, entre outros.
Dedicou-se à crítica literária e cultural, ganhando fama como crítico irreverente, e denunciou a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime do Estado Novo.
Luiz Pacheco é autor de cerca de uma vintena de obras, entre as quais «Crítica de Circunstância» (1966), «Textos Locais» (1967), «Exercícios de Estilo» (1971), «Literatura Comestível» (1972), «Textos de Guerrilha 1» (1979), «Textos de Guerrilha 2» (1981), «O Caso das Criancinhas Desaparecidas» (1986) e «Memorando, Mirabolando» (1995).