artes

Um prémio para a investigação do cancro

Manuel Sobrinho Simões é Prémio Pessoa 2002. Director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto tem centrado os seus estudos na investigação do cancro do estômago. Um prémio merecido, diz quem o conhece.

Alexandre Quintanilha é um cientista que conhece bem o percurso de Manuel Sobrinho Simões, galardoado com o Prémio Pessoa 2002.

«Não poderiam ter escolhido melhor pessoa, o Manuel merece-o e se calhar merecia-o mais cedo», considerou à TSF.

«O trabalho dele tem andado, na maior parte da sua carreira, no estudo do problema do cancro. É uma pessoa que se interessou muito pela área da oncologia», acrescentou.

«Conseguiu agregar à sua volta uma série grande de jovens e não jovens e construiu e pôs a funcionar o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, que nesta altura tem prestígio nacional e internacional», salientou Alexandre Quintanilha.

Manuel Sobrinho Simões é o coordenador científico deste centro de investigação em biopatolgia e oncobiologia.

Uma das coisas mais importantes no seu trabalho, «é tentar distinguir, nas razões que estão por detrás do desenvolvimento do cancro do estômago, quais são os factores que são genéticos e quais os factores que são ambientais», explicou o cientista.

Ovelha Dolly e oncologia

Numa sessão do ciclo «Futuro do Futuro», na Porto 2001, Manuel Sobrinho Simões comparou a ovelha Dolly e o cancro, porque ambos são clones só que a ovelha foi concebida artificialmente e o cancro é uma cópia natural das células.

«É uma espécie de analogia ou metáfora mas isso não é novo. Já se sabia que as células do tecido canceroso eram cópias umas das outras, eram essencialmente clones. Mas enquanto num tecido normal as células se vão multiplicando e há uma altura em que elas param de crescer, no cancro isso não acontece. Há qualquer coisa que nessas células falha na comunicação com as células à sua volta», esclareceu Alexandre Quintanilha.

Instituto espera galardoado para festejar

Fátima Carneiro, investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, recebeu com «muito orgulho» a notícia e todos esperam pela chegada do galardoado, em visita à China, para fazer a festa.

«No instituto existem duas grandes áreas de investigação: oncobiologia e genética populacional», referiu à TSF.

«Traduzindo uma faceta de quem é um verdadeiro líder, as opções estratégicas de investigação têm sido norteadas no sentido de identificar problemas importantes para o país numa tentativa de ajudar a compreender uma realidade e obter resultados que sejam úteis para o país em geral, para a população e médicos em particular», frisou Fátima Carneiro.