Uma peça sobre as recriminações de um casal, uma médica com mente de criança e um escritor que é um homem feito. «Gente Feliz com Lágrimas», de João de Melo, sobre ao palco pelo grupo de teatro «O Bando», em Palmela.
«Gente Feliz com Lágrimas», de João de Melo, representa as recriminações do casal Marta e Nuno, uma médica com mente de criança e um escritor que é um «homem feito».
A partir da separação, Marta - a actriz Sara de Castro - e Nuno - Nelson Monforte - desdobram-se nas personagens com as quais se cruzaram durante a vida.
Segundo o encenador, João Brites, «o teatro tem a vantagem de permitir avançar e recuar no tempo, ser um e outro no mesmo momento, agora ter a voz de uma criança e logo a seguir a voz de um velho decrépito».
Marta representa momentos mais ligeiros, interpretando algumas das pessoas que a marcaram.
Nuno desdobra-se em 17 pessoas, enquanto faz uma viagem regressiva aos tempos da faculdade, da guerra colonial, do seminário e da vida nos Açores, até à criança isolada que foi, numa infância marcada pelos maus tratos do pai.
Marta, inicialmente com mentalidade de criança, apesar de adulta, vai crescendo ao longo da peça, enquanto Nuno, «o homem feito», acaba por se tornar cada vez mais novo até regressar à infância.
«Se na vida conseguíssemos parar o tempo, podíamos distanciar-nos das coisas, relativizar as lágrimas e os risos de uma vida ridiculamente curta», diz o encenador querendo assim explicar que nem Marta nem Nuno ficam iguais após o divórcio.
Para já a peça é levada à cena em Palmela, mas «O Bando», vai andar em digressão pelo país durante o ano.