A Fundação Eça de Queiroz pode vir a fechar as portas, no próximo ano, caso não sejam tomadas medidas imediatamente. A Fundação sobrevive à custa de actividades e de mecenas e para sobreviver necessita de cerca de 250 mil euros por ano.
Na Casa de Tormes, nas margens do rio Douro, a inauguração da Fundação deu-se há 13 anos, depois da família do escritor ter reunido um vasto espólio relacionado com Eça de Queiroz.
A Fundação abriu com cerca de 400 mil euros, mas desde 1990 que as despesas têm aumentado, pelo que são necessários 250 mil euros anuais para manter todos os projectos e actividades.
Ajudas ainda são poucas
As ajudas têm chegado de algumas instituições públicas e do Estado, através de contribuições e subsídios, mas são insuficientes e os apoios dos mecenas não abundam. As vendas de vinho, as visitas, os cursos de formação e as edições próprias, de obras de Eça de Queiroz, acrescentam algumas verbas, mas ainda assim não suficientes.
Uma directora da fundação, e viúva de um neto do escritor, Maria da Graça Salema, é a primeira a garantir que o ano de 2004 pode confirmar o encerramento da Casa de Tormes. «Estamos num pico. Já estamos muito mal. Este ano pôde-se manter tudo, mas para o próximo ano pode já não ser possível», afirmou, à TSF referindo que «pode-se ter que cortar com algumas actividades».
«Por exemplo, a parte cultural que fazemos traz-nos prejuízo. Com cerca de oito mil visitas anuais, além de quem faz a visita guiada, há outra pessoa que acompanha, isto para grupos de cerca de 15 pessoas», refere a directora.
Fundação chega ao estrangeiro
O espólio que a Casa de Tormes exibe inclui mobiliário, objectos pessoais e quadros do escritos, além de vídeos e exposições. A Fundação Eça de Queiroz desenvolve assim várias actividades, como a formação de professores e seminários em Portugal e no estrangeiro. A situação já provocou uma dívida de 235 mil euros, pelo que é urgente arrecadar mais receitas.
A Associação de Fundações Portuguesas e uma entidade bancária estão a estudar possíveis soluções para o caso e a Câmara Municipal de Baião vai votar uma proposta socialista, nesta quarta-feira, para a atribuição de um subsídio extraordinário para fazer face às necessidades mais urgentes da Casa de Tormes, que serviu de inspiração para o romance «A Cidade e as Serras.