O maestro Miguel Graça Moura só deixa a presidência da Orquestra Metropolitana de Lisboa se for demitido pela assembleia geral, mesmo que fique entretanto isolado e sem poderes à frente da instituição, contra o Ministério da Educação.
Os dois elementos que constituíam a direcção da Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) juntamente com o maestro, Manuela Magalhães e Paulo Gaio Lima, demitiram-se na quinta-feira à noite, e comunicaram aos funcionários a sua decisão, faltando ainda a formalização do pedido, mas a situação deixa Miguel Graça Moura isolado.
O maestro já disse não ter nada que ver com estas demissões e alega que o seu lugar é mantido pela maioria que o elegeu e só a assembleia geral o poderá demitir das suas funções.
Nesta sexta-feira, Miguel Graça Moura esteve na Assembleia da República onde distribuiu documentos aos vários grupos parlamentares, tentando sensibilizá-los para a situação da Associação Música Educação e Cultura (AMEC) e da OML.
O maestro explicou que tentou fornecer «todos os dados [aos deputados] para que possam reagir a esta situação de verdadeiro escândalo nacional que é do Estado não pagar o que deve e ter 160 músicos, professores e colaboradores sem receber os salários do mês passado».
«Isto é uma retaliação ilegal e flagrante pela derrota que sofreram na assembleia geral de 19 de Setembro e a maioria que me elegeu não cede», denunciou.
Miguel Graça Moura fala em «terrorismo salarial»
Sobre a alegada falta de apoio dos músicos, Miguel Graça Moura diz que «isso não é verdade. Os músicos estão parados porque não recebem e têm todo o meu apoio».
«Acho bem que não toquem, têm todo o direito, porque precisam é que lhes paguem. É muito fácil nestas circunstâncias, com o terrorismo salarial, manipular as pessoas», sublinhou, acusando o Estado e a Câmara Municipal de Lisboa de não pagarem o que devem.
Projecto é para manter
Por outro lado, o ministro da Educação, David Justino, reafirmou que a decisão tomada é para manter, considerando que Miguel Graça Moura não é a pessoa indicada para o cargo.
«A situação como estava não era sustentável e isso levaria a que tivéssemos de tomar medidas. Há pessoas que não acreditariam que tomássemos medidas, mas tomamos mesmo», afirmou
O responsável garantiu que existe disponibilidade para «recuperar o projecto e pô-lo na concepção inicial, respeitando os estatutos e as instituições. Não podemos é aceitar que haja uso indevido de dinheiros públicos como foi feito».