A Rainha Sofia de Espanha entregou esta terça-feira, em Madrid, o Prémio de Poesia com o seu nome a Sophia de Mello Breyner Andresen, representada pelo seu filho, Miguel Sousa Tavares, numa cerimónia que juntou centenas de pessoas.
A poetisa não se deslocou a Madrid porque se encontra doente, pelo que coube a Miguel Sousa Tavares receber o prémio, atribuído exclusivamente a autores ibero-americanos e que na sua 12ª edição premiou a autora portuguesa.
Num discurso emocionado, o filho da poetisa lembrou a forte ligação da poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen à Grécia, pais natal da Rainha de Espanha.
Cerca de 300 pessoas encheram a sala do Palácio Real em que a Rainha Sofia fez a entrega do galardão, que consta, além de um diploma, de um prémio monetário de 42 mil euros.
Entre os convidados contavam-se o Presidente do Património nacional espanhol e o Reitor da Universidade de Salamanca, que patrocinam o prémio, o Presidente da Real Academia de la Lengua, membros do Governo espanhol, José Luis Arnault, em representação do Governo português, além de grande parte do corpo diplomático português em Espanha e personalidades de diversas instituições culturais.
Sophia, 60 anos de poesia
Sophia de Mello Breyner Andresen, 83 anos, publicou a sua primeira obra, «Poesia», em 1944. «Mar» foi a sua mais recente obra, publicada em 2001 pela Editorial Caminho, que entre 1990 e 1991 compilou toda a sua poesia até aquela data em três volumes - «Obra Poética» I, II e III.
Além de poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen tem publicado ensaio - «O Nu na Antiguidade Clássica» -, teatro - «O Bojador» e «O Colar» -, e literatura infantil, como «A Menina do Mar».
Numa entrevista, revelou que foi numa viagem de autocarro que intuiu a natureza do mistério da poesia, ao reparar que a janela através da qual olhava coincidia por vezes com as janelas das casas.
«Pensei que talvez fosse isso: as palavras às vezes coincidiam com os seus significados, e depois deixavam de coincidir, e voltavam a coincidir outra vez», afirmou.
Esta é a segunda vez que um poeta de língua portuguesa recebe o galardão - anteriormente fora distinguido o brasileiro João Cabral de Melo Neto. Ao longo da sua carreira literária, Sophia arrecadou já inúmeros prémios.
O escritor José Saramago foi um dos elementos do júri deste ano, assim como o mexicano Carlos Fuentes, o poeta António Muñoz Rojas e o director da Real Academia da Língua, Víctor de la Concha.