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Festival Internacional de Teatro «sem medo»

Nada parece assustar os organizadores do FINTA - Festival Internacional de Teatro, em Tondela. Nem o frio, nem a falta de verbas e muito menos o facto de se realizar no Interior. Com «teimosia» apresentam a 9ª edição do evento, a decorrer até 1 de Dezembro.

O frio não assusta o FINTA, que se realiza este ano num novo espaço e um mês depois do que é usal, de 27 Novembro a 1 Dezembro.

No Novo Ciclo ACERT, os organizadores prometem salas aquecidas para que as baixas temperaturas que se fazem sentir em Tondela, distrito de Viseu, não sejam desculpa para deixar de ir ao teatro.

«Tínhamos alguns problemas de aquecimento na sala de espectáculos, por ser muito grande e este ano conseguimos resolver esta questão. É a grande novidade que o público vai sentir, não precisar de ir de luvas e chapéu para dentro da sala», ironizou Carla Torres, uma das coordenadoras do evento.

Menos verbas, menos dias

As mudanças, que incluem também a redução do festival de oito para cinco dias, estão relacionadas com o «corte nos subsídios» do Ministério da Cultura desde 2001, assim como com «os graves problemas financeiros da Câmara Municipal de Tondela».

A actriz e encenadora não desarma: «Habitualmente fazemos o FINTA em Outubro por causa do frio, que dificulta a saída de casa das pessoas. Este ano por dificuldades orçamentais, não conseguimos realizar na altura prevista».

Organizar um festival internacional de teatro em Portugal é tarefa árdua, mas a «teimosia» dos inspiradores da iniciativa não deixou que desistissem de um evento que leva a cultura até ao Interior do país.

Criar com «arte e engenho», sem contar com verbas alargadas, é o segredo. «É a possibilidade de trazer novas companhias que o público não conhece como também novas linguagens artísticas», sublinhou Carla Torres.

A 9ª edição conta com a presença de cinco companhias nacionais e dez estrangeiras, que representam sete países diferentes.

«O FINTA já ganhou a sua identidade pelas apostas que faz em termos de linguagens que habitualmente não estão nos festivais e pelo número de companhias estrangeiras», disse a organizadora à TSF Online.

A procura de identidade artística com os grupos convidados para o evento é a linha de orientação. «Tentamos que seja abrangente, mas também que participem companhias com as quais nos identificamos. São espectáculos nos quais não nos importaríamos de participar ou que gostaríamos que fossem projectos nossos», acrescentou.

Pela primeira vez no festival apresenta-se a ópera dos «Karromato» da República Checa ou a mímica dos polacos «Teatr Ósmego Dinia».

Para além dos países de Leste, da Itália chega a estreia de Laura Kibel, que se dedica ao Teatro Visual e de de França os «À Cour&Cour», que se inspiram no novo circo, entre outros.

Repetem a presença no FINTA os portugueses «Lua Cheia Teatro para Todos» ou os espanhóis Yllana, já participantes assíduos.

De regresso está também o grupo FC Produções Teatrais, que participou num dos primeiros festivais e agora sobe ao palco com «O Santo Jogral Francisco», um texto de Dario Fo, Prémio Nobel da Literatura de 1997.

Uma outra aposta é a presença no último dia de Diogo Infante e Marco D'Almeida com a peça «Hamlets» e do Trigo Limpo Teatro ACERT que faz as honras da casa, com «Photo Má Tom».

Há público para o teatro no Interior

Quanto aos grupos nacionais, Carla Torres confessa maior dificuldade este ano nos convites. «Em virtude da situação que se vive na cultura, houve poucas produções, os subsídios pontais souberam-se muito tarde e só agora se começam a estrear as produções que foram apoiadas», adiantou.

A organizadora espera uma boa receptividade do público aos espectáculos e considera que apesar do Interior do país ser carenciado ao nível do acesso cultural as pessoas estão disponíveis para o teatro.

«As necessidades de consumir objectos culturais criam-se e é isso que tentamos fazer aqui há muitos anos. É uma questão de insistência e dos espectáculos estarem à disposição das pessoas. O FINTA tem sempre muito público», constatou.

Redação