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Gollum e as maravilhas da técnica

A personagem de Gollum é o que de mais extraordinário sai da trilogia, no que toca a efeitos especiais. Mas por trás de um efeito especial, está um actor: Andy Serkis.

Para quem não leu a obra de J.R.R. Tolkien, ou viu os filmes, Gollum é uma pequena e enfezada criatura, corrompida pelo poder do Anel, que passa grande parte da acção dividida entre a ajuda que deve dar ao herói, na destruição do Anel, e o desejo que o consome em ter o objecto maléfico para ele.

Perante a importância da personagem na cruzada de Frodo e Sam a terras de Mordor, o realizador Peter Jackson exigiu que a enrugada criatura, a ser criada por computador, trouxesse ao ecrã toda a realidade e emoção possíveis e em tudo semelhantes às de um actor.

Andy Serkis, o actor britânico que dá vida a Gollum, começou por ser apenas a voz do boneco. Mas Peter Jackson ficou tão impressionado com o desempenho vocal e a presença física de Serkis que construiu Gollum a partir do actor.

Da intensa colaboração entre a equipa de criativos e Serkis surgiu a primeira personagem do género: um boneco, criado digitalmente que consegue actuar como qualquer actor no filme.

Coberto num fato de lycra, ligado a câmaras especiais que "capturaram" todos os movimentos possíveis (o cahamdo motion capture), Andy Serkis deu vida a Gollum. A performance foi de tal modo convincente que a equipa de efeitos especiais foi, gradualmente, adoptado a figura do actor para construir Gollum.

Apesar de ser um boneco moldado em computador, os risos, as caretas, as posições, a voz arrastada e os expressivos olhos são de Serkis.

Gatos inspiram o actor

Para a criação da personagem, Andy Serkis usou os seus gatos como objecto de estudo para desenvolver a voz sinistra e cavernosa de Gollum.

«Eles lambem o próprio pelo que depois fica preso na garganta. Quando querem deitar esse pelo fora, porque lhe causa mau estar, ouvem-se uns sons tipo go-lum, golum, Gollum».

A explicação foi dada pelo próprio actor em Berlim, a propósito da antestreia europeia de «O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei».

Para o actor, dar vida à obcecada criatura foi um desafio quer para a voz quer para o corpo. Gollum caminha sobre as quatro patas, o que se traduziu em monumentais dores de costas para o actor.

Mas o trabalho final parece ter compensado o esforço. As apostas de que Serkis poderá ser nomeado para um Óscar para Melhor Actor Secundário já começaram a circular nos meandros de Hollywod.

Para o futuro, fica a expressividade da criatura Gollum e a sensação de que nada vai voltar a ser o mesmo neste campo.

Redação