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Morreu o estilista José Carlos

O estilista José Carlos morreu esta quarta-feira aos 53 anos, em Lisboa, vítima de enfarte, avançou a agência Lusa. Segundo fonte familiar, o estilista sofreu um enfarte na terça-feira de manhã e foi depois transportado para o Hospital de Santa Marta, onde veio a falecer.

O estilista português José Carlos morreu hoje em Lisboa, aos 53 anos, e deixa o seu nome ligado às mais diversas áreas da moda portuguesa, sobretudo nos anos 90, quando foi considerado um estilista de topo no panorama português.

Nascido em Luanda, a 7 de Setembro de 1950, o estilista sofreu um enfarte na manhã de terça-feira, ao qual não resistiu, vindo a falecer esta tarde no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.

Iniciou a sua carreira ainda em Angola e associou desde logo o seu nome aos penteados, antes de concretizar um sonho: iniciar uma carreira como costureiro.

Os primeiros passos no mundo da moda foram dados no atelier da mãe do estilista Paulo Matos, mas cedo criou o seu próprio gabinete em Lisboa, realizando a primeira apresentação do seu trabalho em Alta-Costura no Hotel Ritz, em 1978.

A par dos modelos, apresentou também uma linha de penteados, cortes de cabelo e de maquilhagem para essa estação, às quais juntou uma linha de peles e de sapatos.

A partir de 1980, José Carlos começa a ser convidado para criar a imagem de individualidades da política e das artes, assim como de outras áreas do mundo "mediático", colaborando com o Festival da Canção, o concurso Miss Portugal e outros programas de televisão.

José Carlos foi responsável, entre outros, pelo visual de Catarina Furtado no concurso televisivo "Chuva de Estrelas", na SIC, bem como de Herman José e das suas assistentes no programa "Parabéns", quando este era transmitido pela RTP1.

O sucesso nesta área leva José Carlos a diversificar e ampliar o seu nome: cria em 1992 o Gabinete José Carlos vocacionado para a idealização, direcção e produção de espectáculos e agenciamento de pessoas e marcas.

Foi ainda consultor de agências e escolas de manequins, já depois de ter sido Director Técnico e Consultor da sua própria escola de manequins, a "Showtime", durante três anos.

Após esta experiência decidiu lançar no mercado uma tendência de moda para cada ano. Sobre cada tema de inspiração fazia posteriormente uma adaptação para cada estação do ano, participando com alguma regularidade nos eventos Moda Lisboa e Portugal Fashion.

A carreira de José Carlos sofreu um período mais atribulado no início da década, quando o seu atelier foi destruído por um incêndio.

Apesar de ter continuado a trabalhar em criações de moda e de penteados, nos últimos anos o seu nome estava mais afastado das luzes da ribalta da moda portuguesa.

«O tempo ensinou-me a olhar para uma mulher do ponto vista estético. No princípio, e sobretudo nos modelos que apresentava em passerelle, as minhas linhas eram exageradas. Percebi depois que a beleza não estava aí. E encontrei uma imagem que tem mais a ver comigo e que é também mais coerente. No fundo, gosto de ver uma mulher vestida de maneira feminina, com classe, mas sem estar demasiado sofisticada», disse o estilista à revista Tomorrow, em Abril de 1991.

LUSA

Redação