O guineense Benjamim Pinto Bull morreu hoje no hospital Amadora-Sintra, vítima de doença prolongada. Este académico e político ficou conhecido por defender a independência da Guiné-Bissau por meios pacíficos.
Benjamim Pinto Bull tinha 89 anos e ficou conhecido por ter liderado a coligação União dos Naturais da Guiné-Portuguesa (UNGP), um movimento contra a luta armada e a favor de uma independência da Guiné-Bissau através do diálogo.
Pinto Bull defendia uma independência progressiva da Guiné-Bissau e, neste sentido, encontrou-se várias vezes com António de Oliveira Salazar, presidente do Conselho e figura máxima do regime em Portugal até finais de 1968, para negociar um acordo que conduzisse à independência, contemplando a formação de quadros guineenses em Lisboa.
Aos sete anos, foi estudar para França e entrou para um seminário, onde completou o ensino secundário. Veio depois para outro seminário em Viana do Castelo, recebendo formação em grego e latim.
Benjamim Pinto Bull abandonou o seminário e a ideia de vir a ser padre e regressou à Guiné-Bissau, onde trabalhou nas alfândegas.
Perseguido pela polícia política, PIDE, exilou-se no Senegal e tornou-se um «protegido» do então presidente senegalês, Leopold Senghor.
Tornou-se tradutor oficial de Senghor e graças ao apoio do presidente senegalês, formou-se em filologia românica em Paris e regressou a Dacar para dar aulas.
Regressou a Portugal em 1984 e deu aulas nas universidades Moderna e Lusófona nas áreas de Latim Jurídico e Literatura Africana de Expressão Portuguesa.