O Governo substituiu o director artístico do Teatro Nacional D. Maria II porque António Lagarto não estava a apresentar resultados correspondentes ao salário, disse o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho.
Em conferência de imprensa, a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, recusaram a acusação feita por personalidades da cultura de que António Lagarto era substituído por António Fragateiro por razões políticas.
Mário Vieira de Carvalho acusou o director demissionário, António Lagarto, de «faltar à verdade» ao afirmar que só soube da sua saída do teatro D. Maria II pela comunicação social.
O secretário de Estado afirmou que António Lagarto teve conhecimento da decisão «no dia 28 de Dezembro numa audiência expressamente convocada para o efeito».
Mário Vieira de Carvalho explicou depois que em Julho pediu esclarecimentos a António Lagarto, colocando uma série de questões que não foram respondidas.
O secretário de Estado interrogou o director artístico demissionário sobre um «plano de desenvolvimento para o futuro do teatro que desse um maior relevo à dramaturgia portuguesa clássica e contemporânea».
Vieira de Carvalho demonstrou também preocupação com a necessidade de «uma maior abertura do teatro à comunidade, uma estratégia de internacionalização e de inserção na rede nacional de teatros».
Outra questão que o secretário de Estado realçou foi o próprio ordenado de António Lagarto.
«Verificou-se que o director do Teatro Nacional D. Maria II tinha uma remuneração que era sensivelmente o dobro ou muito perto do dobro do director do Teatro Nacional de São João para fazer o mesmo trabalho e sendo certo que os resultados não são comparáveis», adiantou.
Nesta conferência de imprensa, a ministra da Cultura aproveitou para avisar que não pensa demitir-se. Isabel Pires de Lima quer ficar à frente do ministério enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro.
«Se aqui estou é porque tenho a confiança do primeiro-ministro, que é obviamente quem me nomeou. Por isso é a confiança à qual eu procuro responder», disse.
É desta forma que Isabel Pires de Lima reage às declarações das várias personalidades da cultura que assinaram uma carta aberta endereçada a José Sócrates, na qual fazem duras críticas à política que tem vindo a ser seguida no Ministério da Cultura.