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Museu Berardo leva 863 peças para o CCB

Após difíceis negociações, Governo e Joe Berardo assinam o acordo que define o destino da colecção de arte do empresário madeirense. Oitocentas e sessenta e três obras vão estar em exibição no futuro museu Colecção Berardo de Arte Moderna e contemporânea, a instalar no Centro Cultural de Belém.

O protocolo para a instalação do museu foi assinado esta segunda-feira à tarde no Centro Cultural de Belém (CCB) pelo comendador Joe Berardo e a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, José Sócrates.

A colecção do empresário madeirense Joe Berardo, com um total de mais de quatro mil obras de arte moderna e contemporânea, percorre todo o século XX e inclui obras de artistas como Picasso, Miro, Dali, Bacon e Warhol.

De acordo com a mesma fonte, o protocolo determina que o módulo 3 das instalações do CCB será co-partilhado pela Fundação das Descobertas, que gere o centro, e pela futura Fundação de Arte Moderna e Contemporânea Colecção Berardo.

O documento estipula ainda que o Estado português terá o direito de opção de compra da colecção durante dez anos, e que até lá o conjunto de obras de arte ficará instalado no CCB em regime de Comodato (uma figura legal equivalente ao empréstimo).

As partes acordaram que a Fundação Berardo será gerida por uma administração constituída em regime paritário, com duas pessoas nomeadas pelo Governo, mais duas nomeadas pelo comendador e uma quinta nomeada por ambos.

Joe Berardo será o presidente honorário e vitalício da Fundação, sem direito de voto, determina ainda o protocolo.

Na sexta-feira passada, o Ministério da Cultura e Joe Berardo chegaram a acordo sobre a manutenção em Portugal desta colecção de arte contemporânea.

As negociações entre o empresário e o Ministério da Cultura decorreram durante cerca de quatro meses, acompanhadas também pelo primeiro-ministro, José Sócrates.

O Museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea deverá abrir até 31 de Dezembro e a sua programação, a partir de 2007, será da responsabilidade da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea/Colecção Berardo, que terá como instituidores iniciais a Fundação do Centro Cultural de Belém (CCB) e a Associação da Colecção Berardo.

Governo salienta importância da colecção

Na assinatura do protocolo, a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, afirmou que tal revela um «esforço de qualificação dos portugueses e de afirmação da competitividade de Portugal na União Europeia».

«Num mundo globalizado, a cultura e as artes têm já, e terão cada vez mais, um papel decisivo e insubstituível», salientou.

Isabel Pires de Lima sublinhou que a colecção Berardo, «muito cobiçada no exterior», inclui autores de «primeira grandeza» que na sua maioria «não estavam até agora disponíveis nas colecções públicas dos museus portugueses».

O primeiro-ministro José Sócrates salientou, durante a assinatura do protocolo, que a criação do Museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea, em Lisboa, representa «o fim de dez anos de incompreensíveis hesitações» para aumentar a oferta cultural do país.

Redação