Quinze anos depois os The Sisters of Mercy regressaram ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa, onde uma plateia ávida de som alternativo os esperava. As guitarras vibrantes de Chris Catalyst e Ben Christo e o estilo característico de Andrew Eldrich encheram a casa ao longo de mais de uma hora.
A noite foi de nevoeiro no palco do Coliseu dos Recreios em Lisboa. Os músicos transformaram-se em vultos escondidos nos jogos de luzes.
De nevoeiro e vestes negras. A geração que tem agora por volta dos 30 anos estava presente em peso, mas também os adolescentes do denominado movimento gótico.
Mas moda à parte, que como os próprios The Sisters of Mercy afirmam, essa é secundária, o mais importante foi mesmo o som "sempre a abrir" que encheu a sala na passada noite do dia 5 de Abril.
Da bruma colorida saiu a voz de Andrew Eldricht, e as guitarras potentes de Chris Catalyst e Ben Christo, num concerto que deixou a desejar para alguns dos admiradores mais antigos da banda britânica.
Para esses a pitada de hard-rock nas cordas desvirtuou o espírito tradicional e a voz de barítono do vocalista fundador perdeu clareza na força dos instrumentos.
Só a Doktor Avalanche, a alma dos The Sisters of Mercy, se demonstrou uma "caixa de ritmos" igual a si própria.
O vocalista sempre de óculos escuros, manteve uma postura distante do público, ao mesmo tempo que a banda foi passando ao longo de cerca de 75 minutos por temas como Something Fast, Dominion/Mother Russia, Body Electric ou Alice.
Como não podia deixar de ser algumas das músicas mais simbólicas estiveram presentes. É o caso de Lucretia My Reflection ou Detonation Boulevard.
Mais para o final do concerto e depois de um solo vibrante, alternado entre os dois guitarristas, a banda surgiu com «Temple of Love», numa versão mais curta do que no maxi single original, onde dura nada menos do que 11 minutos.
Os The Sisters of Mercy tocaram também «We are The Same, Susanne», um tema sem álbum, que o grupo costuma apresentar ao vivo.
O público queria mais, depois da banda no final ter voltado ao palco apenas uma vez com o tema «Vision Thing», que deu o nome ao último álbum de originais em 1990.
É caso para dizer I Want «More», uma das canções que ficou fora do alinhamento, depois dos «Sisters» se terem sumido sem uma palavra, ao estilo característico do rebelde Aldrew Eldricht.