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Atribuição de Prémio Camões sem unanimidade

O Prémio Camões foi, esta sexta-feira, entregue ao escritor angolano Luandino Vieira. A decisão não recolheu a unanimidade do júri. Faltou o voto de Agustina Bessa Luís para que a escolha fosse consensual. A escritora preferia o cabo-verdiano Germano Almeida.

O presidente do júri, Ivan Junqueira, não partilha dos argumentos de Agustina Bessa Luís.

«Ela acha que escritores como Luandino Vieira e outros são escritores europeizados, não representam propriamente uma expressão africana da língua portuguesa. Na opinião dela quem representaria mais essa expressão seria o Germano Almeida, mas eu não concordo muito com essa tese», disse.

Por maioria o Prémio Camões distingue Luandino Vieira «pela obra de vasta qualidade literária e pela influência em várias gerações de escritores».

Estes foram os argumentos que pesaram na escola do júri, que tinha outros nomes em cima da mesa.

«Estava o Luandino, quase como um nome consensual, havia também o nome do Rui Eduardo de Carvalho e também do Germano, mas chegámos à conclusão que o Germano Almeida podia esperar um pouco, não só pela idade mas pela dimensão da obra literária dele», afirmou.

O último escritor angolano a receber o Prémio Camões foi o angolano Pepetela em 1997.

José Eduardo Agualusa, membro do júri e também angolano, confessa a satisfação e confessa que Luandino Vieira merece este prémio.

«Nem sequer chega a ser uma surpresa esta atribuição, porque já há muitos anos se fala nele, é um escritor maior do que Angola e que tem uma obra vastíssima, influenciou gerações de outros escritores, não apenas em Angola mas também em outros países. Por exemplo, Mia Couto é de alguma forma filho literário do Luandino», disse.

Luandino Vieira, 71 anos, sucede assim a Lígia Fagundes Teles. O escritor angolano vai receber 100 mil euros.

Redação