O fundador dos Pink Floyd Syd Barrett, cuja morte foi anunciada esta terça-feira, saiu de cena há mais de trinta anos, mas manteve uma profunda marca na música daquele grupo e o seu súbito desaparecimento transformou-o mesmo num mito.
Syd Barrett, membro fundador do grupo de rock Pink Floyd, faleceu, aos 60 anos, informou hoje uma porta-voz da formação.
«Ele morreu, muito tranquilamente, há dois dias. O funeral será privado», precisou, sem indicar a causa da morte do músico.
Nascido em Cambridge em 1946, Roger Keith Barrett, que adoptaria o nome artístico de Syd Barrett, fundou os Pink Floyd em 1965 mas afastou-se do grupo em 1968, por problemas de comportamento ligados ao consumo de drogas.
Gravou depois a solo alguns álbuns, entre os quais "The Madcap Laughs" e "Barrett", ajudado pelos seus antigos companheiros da banda David Gilmour e Roger Waters.
Vivia afastado da ribalta e dos "media" há anos, numa casa nos arredores de Cambridge.
Em 1975, os Pink Floyd lançaram "Wish you where here", um disco de homenagem ao antigo companheiro do grupo.
Syd Barrett entrou num estúdio de gravação, pela última vez, em 1974, mas «todos os anos continuam a sair livros, discos, colectâneas e DVD sobre ele», realçou à Agência Lusa Rui Tentúgal, um jornalista que tem acompanhado a carreira dos Pink Floyd.
«Não há, em relação a Syd Barrett, um culto idêntico ao de Jim Morrison, mas ele ficou associado à imagem de um génio atormentado e louco e tornou-se um exemplo perfeito dos mitos que alimentam o rock», acrescentou.
Segundo Rui Tentúgal, a "originalidade" de Syd Barrett assenta no carácter "surrealista" das letras que escrevia e na forma como fez «evoluir os blues para o psicadelismo».
«As letras, muito ligadas ao espírito da época, tinham a ver com o mundo dos sonhos e a música incluía longas divagações, que reflectiam a liberdade e a improvisação introduzidas pelo free jazz», explicou.