A pianista portuguesa Maria João Pires teve recentemente o seu pedido de imigração aceite pelas autoridades brasileiras, segundo uma fonte oficial citada pela agência Lusa.
Com a autorização das autoridades brasileiras de imigração, a pianista portuguesa poderá viver no Brasil, na residência que adquiriu nos arredores da cidade de São Salvador, capital do Estado da Baía.
Em entrevista à Antena 2, quinta-feira, a pianista afirmara que o seu projecto musical em Belgais, Castelo Branco, lhe tinha causado enorme sofrimento.
«Vim para o Brasil para me salvar dos malefícios que Portugal me estava a fazer», disse a artista, acrescentando ter sido «vítima de uma verdadeira tortura».
Maria João Pires, que referia-se ao Centro de Belgais para o Estudo das Artes, que fundou em Castelo Branco para incentivar o estudo da música, confessou: «Sofri fisicamente todos os anos que dediquei àquele projecto e não consegui mais do que um início».
Cesár Viana, presidente do Centro de Belgais, ouvido pela rádio Fundão, assegura que se trata um afastamento temporário.
«Como sabe ela teve uma operação complicada este ano e está em repouso absoluto por ordem do médico até 11 de Setembro», explicou.
«O que se passou é que na associação se verificaram alterações e a Maria João deixou de ter funções administrativas, deixou de ser presidente da direcção, para passar a concentrar-se exclusivamente nas tarefas artísticas e pedagógicas, que é onde precisamos mais da acção dela», acrescentou.
César Viana defende mesmo que esta mudança de funções pode trazer benefícios para Belgais.
Esta quinta-feira surgiu a informação que está por justificar uma verba de 65 mil euros atribuída pelo Ministério da Cultura ao Centro de Belgais.
Uma fonte do gabinete da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, explicou que estas verbas foram concedidas no âmbito de uma missão de descentralização cultural para este projecto situado no distrito de Castelo Branco.
Nascida em 23 de Julho de 1944, em Lisboa, Maria João Pires deu o seu primeiro recital aos 5 anos mas, só em 1970, o seu talento foi reconhecido internacionalmente, quando venceu, em Bruxelas, o Concurso Internacional do Bicentenário de Beethoven.
Interpretando obras de Bach, Beethoven, Schumann, Schubert, Mozart, Brahms, Chopin viajou por todo o mundo, tornando-se uma presença regular em salas de concerto da Europa, Canadá, Japão, Israel e nos Estados Unidos.
Recebeu, em 1989, o Prémio Pessoa e em 1999 fundou o Centro para o Estudo das Artes, em Belgais.